Pouca gente sabe ou se importa, mas o Yes está lançando álbum novo, Heaven & Earth. O último havia sido Fly From Here (2011), que elogiei em resenha que indico pra referências históricas, aqui.
O Yes em seu apogeu foi tão marcante e idiossincrático
que veta a possibilidade de não se estabelecer comparações. Mesmo que se
pudesse avaliar o atual trabalho sem referenciar águas passadas, os caras
clamam por comparações a colocarem um vocalista que soa como filho do clássico
Jon Anderson. David Benoit foi substituído por Jon (será que é o nome de
batismo dele mesmo?) Davison.
Na quase totalidade, Heaven & Earth parece uma
banda de jovens Neo Prog sem muita perícia imitando o Yes nos anos 90 (em seu mais moderno!). Mas, na
formação atual remanescem músicos incríveis: o baixista Chris Squire, o
baterista Alan White e o guitarrista Steve Howie, responsáveis por pérolas como
Roundabout, Astral Traveler e Gates of Delirium (seria covardia citar o
perfeito Close to the Edge).
Heaven & Earth é fofo como um coala, mas quem disse
que o simpático animalzinho pode gravar um álbum? Mal se ouvem o baixo e a
bateria, os teclados são infantis com timbres de karaokê e as
canções não têm as mudanças de andamento que tornavam o Yes tão fascinante e
amado/odiado. Basta ouvir Believe Again ou Step Beyond pra entender.
Posso imaginar um fã 50tão de FM de música faceless pegando seu conversível a
caminho duma convenção sobre o poder curativo de cristais e curtindo o clima
tchap tchura de The Game ou In a World of Our Own numa freeway californiana.
O começo de It Was All We Knew chegou a me fazer
lembrar ABBA, aquela prova de que a Suécia definitivamente está longe da
perfeição.
Boa parcela de Light of the Ages poderia ser definida
como uma canção em busca de melodia. Salva-se a plangência de Howie em trechos.
O único indicativo da majestade perdida do Yes é Subway
Walls, que encerra o álbum com 9 minutos onde o baixo de Squire brilha, o
teclado finalmente tem momentos adultos e está em instigante interplay com o resto. O minuto e meio
final dão vontade de chorar de saudades do ápice. O Yes deveria ter lançado um single!
Os vovôs têm potencial pra coisa
melhor, por isso se algum jovem me perguntasse se vale a pena ouvir Heaven
& Earth, responderia que, se fosse pra escutar genérico, tratasse de
conhecer cópias setentistas tipo Druid ou Starcastle.
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