Ano passado, enfureci-me e frustrei-me com a série
espanhola Imperium (saiba o motivo, aqui). Sabendo que a razão não se repetiria
com Hispania, vi os 20 capítulos, exibidos entre 2010-12.
Hispania é derivada mais pobre do sucesso Roma (resenha
aqui). Os produtores aproveitaram a figura de Viriato, lusitano que lutou
contra os invasores romanos no século II AC, e esbanjaram imaginação
folhetinesca numa série que ressalta o nacionalismo espanhol. Hispania deve ser
encarada como diversão, jamais como aula de História.
O Pretor Galba é enviado à Península Ibérica pra manter
e supervisionar a paz com seus habitantes, mas ao invés disso, comete descalabros,
não apenas contra os hispanos, mas mesmo entre seus comandados. A ferocidade do
comandante faz com que o pastor Viriato (fontes indicam que ele era de classe
bem mais elevada) se subleve e aos poucos arregimente um exército que dá muito
trabalho aos invasores.
Repleta de incongruências espaço-temporais (Roma parece
situar-se a apenas algumas horas da Espanha; as personagens vão e vem duma cena
pra outra) e situacionais (imagine que a esposa do pretor, uma patrícia,
ficaria no acampamento durante o período de conquista), Hispania agradará
apenas os dispostos a suspender a descrença a alturas siderais e curtir as
traições e reviravoltas que acabam sempre no mesmo lugar.
Irava-me a constante música melodramática pra bombar
emoção onde em realidade não havia e também os constantes açoites de chibata
pra deixar costas em carne viva e meia hora depois a personagem estar vestida,
lampeira ou deitada de barriga pra cima.
Mas, meus leitores sabem como me encantam emoções bem
baratas e gente malvada na ficção. Como não amar a pérfida Claudia e, sobretudo,
o delicioso Pretor Galba, interpretado por Lluis Homar (El Dia Más Dificil Del Rey).
Sendo a série uma patriotada conveniente quando a Espanha chafurda em pântanos
recessivos, a vilania de Galba quase sempre dá errado, mas é possível se se
divertir muito com o malvado. Quem curte mocinhos e mocinhas, Hispania os
oferece de sobra do lado hispano.
Novelão, sinta-se alertado quem não gosta!
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