Em 2012, o filme dinamarquês Jagten consagrou-se internacionalmente ao narrar história dum acusado de pedofilia e da subsequente histeria coletiva. Enquanto o Brasil eliminava o Chile, vi Anklaget (2005), que trata do mesmo tema e também vem do país escandinavo.
Um professor de natação é denunciado por abuso sexual
pela filha adolescente. O homem tem reclamação de forçar um aluno a fazer mais
do que podia, mas a garota tem histórico de mentirosa contumaz. Grande parte do
filme centra-se na dúvida quanto ao ato e as consequências psicológicas e
sociais desencadeadas.
Quase despido de trilha sonora e filmado em cores
frias, Anklaget é emocionalmente denso ao explicitar de modo contundente a
raiva do pai com relação à filha e mesmo o momento fugaz de dúvida da mãe, que
coloca o esposo numa sinuca de bico ao exigir dele o perdão incondicional,
afinal, “é isso que os pais têm que fazer”.
Filme excelente e desencadeador de muito pensamento e
discussão, que, desvenda a culpa (ou não) do professor. Ao fazer isso, deixa de
lado a questão de se o perdão paterno é automático, transferindo-a pra outro
quadrante familiar. Porém, essa realocação da necessidade de perdão não é
explorada e o filme não atinge a dimensão misteriosa de Jagten. Mesmo assim,
prefiro Anklaget pelo clima mais sombrio. Mas, recomendo os 2.
No elenco, Sofie Gråbøl, a
inspetora Sarah Lund, de Forbrydelsen e Søren Malling (Forbrydelsen e Borgen), ou
seja, indispensável pra fãs de Nordic Noir e séries dinamarquesas.
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