quinta-feira, 17 de julho de 2014

TELONA QUENTE 94

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Roberto Rillo Bíscaro

Diane Keaton e Wiest (de In Treatment), Kevin Kline e Richard Jenkins; soa como elenco dos sonhos, por isso vi Darling Companion (2012; lançado em português sob o título Fiel Companheiro), dirigido pelo outrora badalado Lawrence Kasdan e (?) roteirizado (?) por ele e a esposa Meg.
Keaton resgata cachorro abandonado na beira duma rodovia e o batiza de Freeway. No começo, o marido cirurgião não quer mascote, mas na cena seguinte aparece levando Freeway pra passear e falando ao celular, como sempre absorvido em sua carreira e pacientes. O veterinário que tratara do cão acaba se casando com a filha de Keaton/Kline e as bodas são realizadas na linda região das Rochosas, perto de Denver. Todo mundo vai, inclusive Freeway, como damo de honra.
Keaton/Kline e a cunhada Wiest com o namorado embrulhão Jenkins (só decorei o nome da personagem dele, Russell) ficam pro fim de semana nas montanhas. Dr. Kline sai pra passear com Freeway por uma trilha florestal, sempre falando ao celular. O au-au vê um cervo, desabala a correr e se perde. Segue-se uma hora e meia onde apenas o cão tem sorte por ter sido poupado de tanta babaquice liberal New Age.
Quem cuida das cabanas é uma lindíssima descendente de ciganos, que diz ter visões de onde Freeway pode estar e manda os casais e ela mesma – envolvida com o sobrinho de Kline – pra toda sorte de becos sem saída, desculpa pra que as personagens falem, falem, falem sem nunca dizerem nada que valha a pena ou que já não tenha sido dito em um sem número de produções cuja “mensagem” se propusesse ser o aceite das diferenças e o reconhecimento dos pontos fracos e fortes das pessoas.
Constrangedor ver atores tão bons desperdiçados. Personagens mal construídas, cascas sem miolo. E no final, pra seguir a velha lição de circularizar o roteiro através da ligação da cena final com a inicial, o bendito cachorro é visto de dentro dum avião em voo!
É tudo tão bobo que nem fiquei com raiva, deu meio que dó e o questionamento sobre a velhice proposto por Kasdan periga desviar pra quadrantes não supostos por ele.
Pode ser parcialidade de fã, mas Richard Jenkins é o único que consegue conceder simpatia e interesse a seu personagem, o bom camarada Russell.

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