Roberto Rillo Bíscaro
Li meu segundo Nordic Noir, Paganinikontraktet (O Pesadelo na tradução pro português, lançada pela
editora Intrínseca), segundo livro de Lars Kepler, pseudônimo dum casal sueco.
Uma
jovem é encontrada morta num barco. Ela morreu afogada, mas como explicar que
estivesse seca e na cama da embarcação? No dia seguinte, um funcionário graúdo
responsável pelo controle das exportações de armas da Suécia – que diz ser
neutra e amar a paz, mas está entre os 10 maiores exportadores de armamentos –
é achado pendurado no teto de seu elegante apartamento. Pouco a pouco, a trama
nos faz perceber a conexão entre os 2 ocorridos, aos quais muita carnificina é
adicionada.
O
detetive que literalmente sequestra a investigação é o finlandês Joona Linna, sabichão
intuitivo um passo a frente dos colegas, no mais das vezes. Ele tem que
aprender a trabalhar com uma parceira, Saga Bauer, dada a complexidade do caso,
que envolve a segurança nacional do Reino da Suécia.
Com
capítulos curtos e pluralidade de sub-tramas e personagens secundários, O
Pesadelo diversas vezes tropeça no ritmo e perde o caminho dentro de seu
próprio labirinto de ideias. Romances policiais têm que despertar comichão por
leitura ininterrupta, mas isso é quebrado com demasiada frequência, tornando a
obra irregular e com momentos que bem poderiam ter sido editados.
O
relacionamento (?) de Joona e Disa não diz nada; a perseguição na floresta a um
casal de namorados além de demorada culmina num encontro com uma celebridade
esquecida de TV que os força a um jogo pretendido maluquete, mas que resulta apenas
tolo. As constantes reminiscências sobre ativismo em Darfur chateiam pela
procrastinação provocada. A ligação com música, Paganini e um vilão italiano
que força a assinatura dum contrato (ao qual alude o título original) que se
quebrado será pago com a realização do maior pesadelo do traidor é forçada
demais. E o 50tão que só consegue dormir abraçado a uma garota com deficiência
mental de 14?
Daria pra cortar um terço d’O Pesadelo e ficaria
muito bom. Como está, é apenas mediano.
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