Dobradinha Dinamarquesa
Roberto Rillo Bíscaro
Roberto Rillo Bíscaro
2 filmes dinamarqueses, tendo em comum a presença do ator Søren Pilmark, em 2 registros bem diferentes. Conheci seu trabalho em O Reino, de Lars Von Trier, e agora conhecendo melhor sua produção.
Meu querido Bjarne Henriksen também está
nos 2 elencos. A pequena Dinamarca não tem tantos atores assim!
Em Lotto (2006), Pilmark é funcionário e homem de família correto e íntegro, mas que tenta levar vantagem quando ganha num bolão da loto. Ele tenta esconder o prêmio de seus coapostadores e pra isso tem que aumentar a bola de neve da mentira, chegando a inventar um câncer. Pra complicar mais, um dos colegas descobre a desonestidade de Jorgen e começa a extorqui-lo.
O que me interessou no
filme não foi o tema do “dinheiro na mão é vendaval”, mas uma afirmação lida de
um dinamarquês sobre a tão aclamada igualdade social de lá. O cidadão disse que
os dinamarqueses tendem a olhar com maus olhos e alto controle social aqueles
que de algum modo se destacam. Lotto lembrou muito essa reclamação, ao mostrar
meios de se escamotear diferenças sociais. Não que se depreenda do filme que
isso seja regra na Dinamarca, posto o casal amigo e chantagista não se furtar
em ostentar (mas também ser mal visto por isso).
Sem ser engraçado – a
não ser que você seja fã de Pilmark ou de Bjarne Henriksen – Lotto interessará
mais a escandinavomaníacos.
Kongekabale (2004) é um
thriller político, que se nada traz de novo ao gênero, também não apresenta
muito maniqueísmo na construção das personagens.
Poucas semanas antes das
eleições gerais, o candidato já dado como vitorioso sofre acidente de carro.
Segue-se internação sigilosa e total controle das ínfimas informações à
imprensa.
Fora do hospital, Erik
Dreier Jensesn manobra e manipula pra ser o novo indicado pelo partido ao cargo
de Primeiro-Ministro, ao qual também concorre uma mulher.
O filme repisa o
território do jornalista tentando salvar o país de cair nas garras dum político
mau-caráter. Ainda bem que Dreier não é construído como um demônio. A própria
adversária reconhece que ele é como qualquer outro político - o filme não
escapa de generalizar a política como ato sujo e de dizer que a imprensa também
o é, mas pelo menos dentro dela existe possibilidade de gente que luta pela
“verdade”.
Clichês e idealizações
a parte, Kongekabale prende o interesse e funciona como espécie de introdução à
Borgen (embora os projetos nada tenham de aparentados), além de trazer um
Pilmark sóbrio e sombrio.
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