Roberto Rillo Bíscaro
Em 2011, a neo-zelandesa Kimbra ganhou fama com o estouro de Somebody I Used to Know, do Sting, opa, quero dizer, Gotye. Ela está de volta com o álbum The Golden Echo, reverenciando alguns ícones pop, mas jamais soando revivalista ou retrô; destilando Motown, Paula Abdul e Fleetwood Mac com a urgência pós-moderna cheia de barulhinhos e teclados estressados em canções de felicidade induzida por fluoxetina.
O poder de Prince está presente em diversas canções, como Everlovin' Ya (ouça o jeito de cantar). Teen Heat é pura exaltação sexual, mas é no batidão de Mad House, onde sinto mais o baixinho genial de Minneapolis.
O trip hop de Goldmine, que paga tributo a vocalistas negras, explode num refrão a la Lana del Rey.
De longe, a faixa mais criativa é 90's Music, instigante e nervosa mistura de Timbaland, guitarra sintetizada e mais nao sei o quê.
Minhas favoritas são Miracle e Carolina. A primeira é um atualizado coquetel dançante de Michael Jackson, Jackson 5, Diana Ross, disco e funk. Dá vontade de giraaaaaaar sob globos estroboscópicos! Carolina é uma delícia easy listening, que soa como se um artista de 2177 regravasse Fleetwood Mac safra 1977 pruma coletânea intergaláctica. Criativo e moderno demais sem perder a raiz de Americana.
The Golden Echo perde um pouco a originalidade nas canções desaceleradas e a De Luxe Edition me parece desnecessária, embora a parede sonora da produção mereça respeito.
Kimbra tem aquela capacidade devoradora de influências, vital pra ser bem sucedida no mundo pop.
Ótima resenha!!
ResponderExcluir