quarta-feira, 10 de setembro de 2014

CONTANDO A VIDA 78

Depois de um hiato, nosso cronista favorito,o Prof. José Carlos Sebe Bom Meihy, volta a colaborar no Blog do Albino Incoerente. Historiador de renome mundial, o Prof. Sebe trata das eleições presidenciais e questiona qual é a da mulherada, uma vez que ao que tudo indica teremos mulher na presidência novamente. 


ELEIÇÕES: PARA ONDE QUEREMOS IR? ou A PRESIDÊNCIA É DAS MULHERES?

José Carlos Sebe Bom Meihy

Sem dúvida alguma, vivemos uma eleição sui generis. Poderíamos dizer sem medo de erro que a mão trágica do destino pesou sobre o andamento morno e até rotineiro proposto por quantos supunham o mesmo andar da carruagem. A morte surpreendente e trágica do candidato pelo PSB, Eduardo Campos, promoveu uma reviravolta capaz de nos tirar da letargia ou ressaca da Copa do Mundo e nos jogar no calor intenso da escolha eleitoral, principalmente da indicação do novo mandatário/a nacional. É muita coisa, diga-se.
Independentemente dos candidatos, temos fatos históricos à nossa frente. Analisando friamente a lista de políticos que se mostra, cabe reclamar da absoluta falta de nomes convincentes ou pelo menos novos. Mas é o que temos, deve-se repetir com base na garantia de que democracia se faz com votos objetivos e não em suposições utópicas. E o que se nos apresenta? Mais do que declinar nomes, cabe nesta breve análise estabelecer critérios capazes de permitir decisões consequentes, pois o dia da votação está aí. Por lógico, não cabem esforços tendenciosos ou tentativas de convencimentos. Claro que não. Mas é aceitável convocar critérios que ajudem decisões. Somos inteligentes o suficiente para admitir que não há inocência em opiniões expressas e que no máximo os argumentos apresentados devem servir de estímulo ao juízo que tem que ser individual e intransferível. Gosto da máxima que garante ser o “voto secreto”. Assim, deixa-se de lado o falso paradoxo que aponta a indução argumentativa. O jornal hoje é um veículo democrático e atua na troca de opiniões. Sim, esta mensagem apenas tem o tom crítico geral.
Mas, então quais seriam os pontos relevantes a serem tomados para a consideração ampla? Um primeiro decorre da concretude numérica, relativo ao voto feminino. Temos três candidatas mulheres, fato que merece destaque vibrante: Dilma Roussef, Marina Silva e Luciana Genro. Pelas estatísticas há fortes indícios que teremos um segundo turno com duas mulheres concorrendo ao posto político máximo da nossa democracia. Outro dado importante é que o total de votantes mulheres perfaz 52% como eleitoras regularmente registradas, o que pode fazer a diferença. O impactante nessa relação é que as candidatas não apresentam pautas claras e atentas a causas femininas ou feministas. Aliás, convém salientar que este silêncio é mais do que estranho.
Outro aspecto relevante diz respeito ao engajamento religioso e às ligações (in)desejáveis com o universo clerical. Temos que preservar o estado laico e não basta enunciar a independência da política com a religião. É na prática que se resolvem estas coisas e a prática se expressa pelos programas apresentados e defendidos. Os tais itens programáticos têm que ter coragem de expressar posicionamentos que ecoam na razão das escolhas. Temas decorrentes de preceitos morais como: pesquisas com células tronco, casamento entre pessoas do mesmo sexo, direito ao uso do corpo e reprodução, aborto, são pautas que precisam ser explicitadas. E não é suficiente enunciar posicionamentos. Carecemos de posições que superem a fase eleitoral. Voto de mulheres e preceitos religiosos ou morais devem pesar nas escolhas. Por certo, o silêncio ou a negligência de clareza nestes itens provocam indignação. Afinal, pergunta-se, porque a preferência nacional tende a colocar a disputa entre duas mulheres se elas não assumem posicionamentos que as qualificam como representantes de um gênero? 

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