Não sou afeito aos modernos filmes e séries sobre
super-heróis. Tentei ver o Batman que tem a derradeira atuação de Heath Ledger,
mas acreditam que dormi? Não sei, me dão no saco aqueles efeitos especiais e
parece que alguns super-heróis de hoje são meio sombrios. Mas, quando existe o
charme da antiguidade, curto.
Por isso, vi as 6
temporadas de The Adventures of Superman; 104 episódios exibidos entre 1952-58.
Adoro produções daquela década e tinha curiosidade de conhecer o trabalho do
ator George Reeves, que teve um fim tão azarado quanto o Superman de minha
infância/adolescência, Christopher Reeve. Reeves foi encontrado morto com um
balaço na cabeça, no andar superior de sua casa, enquanto no de baixo seus
amigos se inebriavam até mais não poder. Rumores de assassinato não faltaram,
mas o falecimento foi classificado como suicídio. Imagina o choque pra gurizada
cinquentista, quando o 40tão Homem de Aço foi anunciado morto?
George Reeves tornou-se meu Super-Homem do coração.
Nada contra Chris Reeve, mas sempre achei o rostinho dele angelical demais; sou
mais a encarnação macho adulto caucasiano de rosto mais quadrado e maduro, extremamente
afável, mas totalmente assertivo. Nos desconfiados anos 50, a alteridade de
Superman é compensada com a criação duma personagem de maneiras perfeitas, da
qual todos gostaríamos de ser amigos, mas isso não é suficiente para que seja
percebido como um de nós, afinal, é descrito como “estranho” visitante de outro
planeta na longa introdução.
Os produtores fizeram jogada de mestre: mesmo não sendo
possível transmissão em cores na época de exibição, 4 temporadas foram gravadas
nesse formato, por isso, The Adventures of Superman ainda pode ser curtida
pelas gerações incapazes de aturar um delicioso branco e preto.
A despeito desse investimento pros mercados futuros, o baixo
orçamento determina tudo, por isso Super-Homem funciona com superpoderes muitas
vezes sub-aproveitados, restringindo-se a socos etc. Socos irrealistas, imagine
um soco do Superman furaria ou decapitaria alguém! Em 2 ou 3 ocasiões, os
produtores recorreram à animação pra dar conta de atender o roteiro que previa
o herói escavando até o centro da terra ou parando um meteoro. O Daily Planet
tem alto edifício próprio, mas vemos apenas 3 funcionários e o editor Perry
White.
Isso não tira o prazer da
série, que apesar de roteiros açucarados e situações que poderiam ser
contornadas de maneira bem mais simples, tem na simpatia do elenco seu maior trunfo.
Até do ator inexpressivo que faz o Jimmy Olsen a gente começa a gostar! Damos
desconto por ser de uma época em que a TV era bem mais precária, mas não significa
paternalismo; The Adventures of Superman ainda consegue divertir.
E também consegue ser mais moderna do que filmes
clássicos queridinhos dos críticos, como A Malvada (1950), no que tange à
representação feminina.
Nos machistas anos 50, Lois Lane era um oásis de mulher
liberada, voluntariosa (acho até desonesta em diversos episódios) com carreira,
que não largava tudo pra casar. Caro que paga preço pela independência nunca
arrumando marido, no caso, nutrindo paixão platônica pelo super-herói (ou
seria, na verdade, pelo irresistivelmente simpático Clark Kent?).
Pra constar: Metropolis é Los Angeles, tá? Não apenas
pelas cenas no deserto - parte e parcela de qualquer produção barata da época,
uma vez que era locação grátis -, mas porque deixam escapar bairros como
Brentwood e Melrose.
Em um dos episódios é
mencionada uma palmeira albina “a freak of nature”, segundo Jimmy Olsen.
Felizmente, tratava-se de estratagema do vilão, porque sabemos que plantas
albinas não sobrevivem.
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