Roberto Rillo Bíscaro
No século VIII da era cristã não existia Inglaterra; havia uma coleção de reinos constantemente em guerra externa e entre si. Perto da última década do século, a primeira incursão naval vinda da pagã Escandinávia inauguraria uns 2 séculos e meio de lutas contra dinamarqueses e noruegueses, que invadiriam, conquistariam e colonizariam diversas regiões das Ilhas Britânicas.
No século VIII da era cristã não existia Inglaterra; havia uma coleção de reinos constantemente em guerra externa e entre si. Perto da última década do século, a primeira incursão naval vinda da pagã Escandinávia inauguraria uns 2 séculos e meio de lutas contra dinamarqueses e noruegueses, que invadiriam, conquistariam e colonizariam diversas regiões das Ilhas Britânicas.
Os vikings causaram na história inglesa, gente! Pilharam monastérios pra roubar a riqueza sacra e no processo destruíram muito do trabalho dos escribas, quase os únicos que sabiam ler e escrever na Alta Idade Média. A influência nórdica está na etnia e na língua (palavras terminadas em -thorp, por exemplo, devem ter raiz escandinava). Assim, a construção da ideia duma nação inglesa passou pelo processo de reconquista e assimilação do invasor nórdico.
Pra inaugurar sua produção de séries, o canal History contratou Michael Hirst pra criar Vikings, que já teve 2 temporadas (a primeira estreou em 2013), as quais vi. O roteirista centrou a trama no provavelmente lendário Ragnar Lothbrok, figura de diversas sagas e narrativas nórdicas. A questão dum canal que provavelmente pretende "ensinar" História usar protagonista que pode ser imaginário, sem problematizar isso, deixo aos profissionais da área, aos quais também deixo a discussão das liberdades artísticas, sempre necessárias, num show que se quer "histórico".
A co-produção Irlanda-Canadá interessou-me pela temática e claro que dá pra aprender um costume ou outro dos "bárbaros", assim como estabelecer comparações com a cultura cristã das ilhas inglesas. Sem ser uma montanha-russa de adrenalina e nudez, Vikings é beneficiada com certo grau de realismo das peles e caras sujas e cenas de lutas bem feitas; sem contar as intrigas palacianas.
Ragnar é um fazendeiro empreendedor que sonha encontrar o caminho pro Ocidente, onde jazem tesouros mil nos ricos monastérios e cortes. Desacreditado pelo mandatário local (interpretado por Gabriel Byrne, o Dr. Paul Weston, de In Treatment), o valente recruta amigos e bem ao estilo pequenas empresas, grandes negócios, sai-se bem e desperta o interesse - igualmente a ira e a inveja - de chefes locais e externos.
As 2 temporadas de Vikings centram-se, portanto, nas aventuras e algumas desventuras do protagonista e membros de cortes no que hoje conhecemos como Dinamarca, Suécia, Noruega e Inglaterra. História novelizada, a série traz o coquetel usual de traições, vinganças e amores que desafiam posição social.
Ponto fraco são algumas atuações forçadas, especialmente na construção dum sotaque como se fosse de escandinavo falando inglês. Há horas em que parece teatrinho de escola.
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