Brasileiro é cordial e gosta de futebol e samba;
francês não gosta de banho e se recusa a falar inglês com turistas; japonês é
inteligente. Estereótipos são reduções que supostamente ajudam a entender a
complexidade do real, mas também apagam nuanças.
A Islândia tem fama de ser supersticiosa. Há histórias
de estradas cuja rota de construção foi desviada porque uma pedra ou árvore no
caminho era casa de elfo ou considerada sagrada pela população. O drama
policial com toques de sobrenatural, Hamarinn (2009) – no Brasil exibido por
canal pago com o título O Penhasco – usa esse estereótipo com propriedade,
afinal, a minissérie em 4 capítulos foi produzida na pequena ilha da Europa
setentrional.
Numa noite misteriosa, onde luzes estranhas são vistas
no céu, um acidente rural deixa um jovem campesino entre a vida e a morte. Um
detetive da capital vem ao interior pra ajudar na investigação, que adquire
tons sobrenaturais devido a poderes do penhasco, que corre o risco de
desaparecer pra dar lugar a uma represa. Paralelamente, o lado humano das
picuinhas da vida em regiões isoladas também apimenta e torna complexa a
investigação.
Hamarinn é lenta e não muito barulhenta e ao final do
primeiro capítulo já sabemos se o lado humano ou o sobrenatural é o responsável
pelo crime. Mesmo assim, há interesse, porque as 2 dimensões estão muito bem
integradas, como se fizessem realmente parte do cotidiano islandês, ou, pelo
menos, do majestoso interior da ilha, lindamente fotografado.
Pena que a resolução do conflito seja algo atropelada e
uma das sub-tramas inconclusa. O Penhasco evita fingir que tem orçamento de TV
norte-americana e foca nas interpretações e na psicologia das personagens,
embora haja uma cena digna de série endinheirada.
Vale a pena conferir pra
conhecer um Nordic Noir produzido fora da tríade Dinamarca/Suécia/Noruega.
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