terça-feira, 23 de setembro de 2014

TELINHA QUENTE 135


Brasileiro é cordial e gosta de futebol e samba; francês não gosta de banho e se recusa a falar inglês com turistas; japonês é inteligente. Estereótipos são reduções que supostamente ajudam a entender a complexidade do real, mas também apagam nuanças.
A Islândia tem fama de ser supersticiosa. Há histórias de estradas cuja rota de construção foi desviada porque uma pedra ou árvore no caminho era casa de elfo ou considerada sagrada pela população. O drama policial com toques de sobrenatural, Hamarinn (2009) – no Brasil exibido por canal pago com o título O Penhasco – usa esse estereótipo com propriedade, afinal, a minissérie em 4 capítulos foi produzida na pequena ilha da Europa setentrional.  
Numa noite misteriosa, onde luzes estranhas são vistas no céu, um acidente rural deixa um jovem campesino entre a vida e a morte. Um detetive da capital vem ao interior pra ajudar na investigação, que adquire tons sobrenaturais devido a poderes do penhasco, que corre o risco de desaparecer pra dar lugar a uma represa. Paralelamente, o lado humano das picuinhas da vida em regiões isoladas também apimenta e torna complexa a investigação.
Hamarinn é lenta e não muito barulhenta e ao final do primeiro capítulo já sabemos se o lado humano ou o sobrenatural é o responsável pelo crime. Mesmo assim, há interesse, porque as 2 dimensões estão muito bem integradas, como se fizessem realmente parte do cotidiano islandês, ou, pelo menos, do majestoso interior da ilha, lindamente fotografado.
Pena que a resolução do conflito seja algo atropelada e uma das sub-tramas inconclusa. O Penhasco evita fingir que tem orçamento de TV norte-americana e foca nas interpretações e na psicologia das personagens, embora haja uma cena digna de série endinheirada.  
Vale a pena conferir pra conhecer um Nordic Noir produzido fora da tríade Dinamarca/Suécia/Noruega. 

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