segunda-feira, 27 de outubro de 2014

CAIXA DE MÚSICA 144




Roberto Rillo Bíscaro

Quando ouvi a versão da novata Keisza (pronuncia-se Caiza) pra What Is Love, respeitei bastante. Nunca fui grande amante do sucesso noventista do Haddaway, mais um num Oceano Pacifico de símiles. Pelo menos, a canadense injetou vocais contundentes ao desacelerar a canção e sair do lugar-comuníssimo que era a voz do cantor do Haddaway. Mas, não conseguiu me comover mais do que isso. Já ouvi tanta mulher gritando sobre teclados....
Depois, conheci a pérola dance Hideaway (Haddaway? Freud explica...), composição própria, imersa num mar noventista de baixo e efeitos discretos de teclado que caberiam num álbum de Robin S. Encantei e encaixei Keisza no atual revival dos anos 90, aludido em resenhas de álbuns de Lisa Stansfield e Basement Jaxx.
Esperei a estreia em álbum, que ocorreu semana passada com Sound of a Woman e prova que Keisza
1) realmente mergulha na vibração dance anos 90 com delícias como Giant in My Heart, Over Myself, The Love, No Enemiesz;
2) quer ser diva não apenas dance, mas dramática! Dá uma sacada nessa capa e em baladas deliciosamente bombásticas como a faixa-título e Cut Me Loose.
Sem soar datada devido à produção moderna e esmerada, Kiesza vai mais atrás e discretamente solta um freestyle lá de fins dos 80’s, em Vietnam.
A chatice vem sob a forma de lentas com inflexão hip hop, com convidados especiais pra torná-la maior. Losing My Mind e Bad Thing são puro clichê. Vamos combinar, faz uns 25 anos que temos canções que de repente têm um pedaço rappeado malemolentemente por uma voz negra bem estereotipada, fazendo uh huh, uh huh e falando check it out. Que tal deixar isso escondido numa caverna submarina por umas 2 gerações antes de usar novamente?  
Perdoada pelos escorregões – presentes em qualquer repertório – Kiesza começou bem. É sé deletar um par de faixas e Sound of a Woman fica perfeito.

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