Roberto Rillo Bíscaro
Quando ouvi a versão da novata Keisza (pronuncia-se
Caiza) pra What Is Love, respeitei bastante. Nunca fui grande amante do sucesso
noventista do Haddaway, mais um num Oceano Pacifico de símiles. Pelo menos, a
canadense injetou vocais contundentes ao desacelerar a canção e sair do
lugar-comuníssimo que era a voz do cantor do Haddaway. Mas, não conseguiu me
comover mais do que isso. Já ouvi tanta mulher gritando sobre teclados....
Depois, conheci a pérola dance Hideaway (Haddaway?
Freud explica...), composição própria, imersa num mar noventista de baixo e
efeitos discretos de teclado que caberiam num álbum de Robin S. Encantei e encaixei
Keisza no atual revival dos anos 90,
aludido em resenhas de álbuns de Lisa Stansfield e Basement Jaxx.
Esperei a estreia em álbum, que ocorreu semana passada
com Sound of a Woman e prova que Keisza
1) realmente
mergulha na vibração dance anos 90 com delícias como Giant in My Heart, Over
Myself, The Love, No Enemiesz;
2) quer
ser diva não apenas dance, mas dramática! Dá uma sacada nessa capa e em baladas
deliciosamente bombásticas como a faixa-título e Cut Me Loose.
Sem soar datada devido à produção moderna e esmerada,
Kiesza vai mais atrás e discretamente solta um freestyle lá de fins dos 80’s,
em Vietnam.
A chatice vem sob a forma de lentas com inflexão hip
hop, com convidados especiais pra torná-la maior. Losing My Mind e Bad Thing
são puro clichê. Vamos combinar, faz uns 25 anos que temos canções que de
repente têm um pedaço rappeado malemolentemente por uma voz negra bem
estereotipada, fazendo uh huh, uh huh e falando check it out. Que tal deixar
isso escondido numa caverna submarina por umas 2 gerações antes de usar novamente?
Perdoada pelos escorregões
– presentes em qualquer repertório – Kiesza começou bem. É sé deletar um par de
faixas e Sound of a Woman fica perfeito.
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