Roberto Rillo Bíscaro
O prazer despertado pela retrô The Doctor Blake Mysteries atentou-me pra TV australiana. Há poucas semanas, descobri Old School
(2014), série (minissérie? Ainda não se sabe se haverá temporada 2) em 8
capítulos, produzida pela mesma ABC1, do médico detetive diletante.
Há 12 anos, um assalto grandioso resultou na prisão dum
dos integrantes da quadrilha e no ferimento à bala dum dos policiais. Em
liberdade condicional, Lenny volta às ruas disposto a pôr as mãos na sua parte
da grana do roubo. Ted está aposentado da polícia, sem se conformar em não
haver capturado quem o feriu e praticamente destruiu sua carreira. Sexagenária,
essa improvável dupla alia-se pra conseguir seus objetivos.
Na linha “estranho casal” – cuja referência principal
talvez sejam personagens interpretadas pelos finados Walter Matheau e Jack
Lemmon – Old School diferencia ao justa/contra/sobrepor polícia e bandido
relacionando-se, não necessariamente como amigos, mas como partes integrantes
um do outro. A fronteira entre lei e (des)ordem torna-se cada vez mais porosa,
embaralhando nossa velha percepção maniqueísta de bem e mal.
Tudo isso sem filosofar; Old School é policial com tons
de comédia, por vezes de humor negro. O
problema é que o roteiro nem sempre consegue manter o interesse, tornando o show meio irregular. Ajudam a química e
a simpatia de Sam Neill e Bryan Brown, respectivamente Ted e Lenny. Não ajuda Lenny passar os 8 episódios com a mesma roupa. Ai que deselegante, né Sandra Annemberg? Isso é aceitável em animação ou uniforme de super-herói, mas em série realista dá impressão de cheiro de cecê.
Pra começar a aventurar-se
na produção televisiva australiana, recomendo The Doctor Blake Mysteries, mas
Old School pode distrair os que estão sem série nova pra acompanhar.
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