quinta-feira, 9 de outubro de 2014

TELONA QUENTE 100

Roberto Rillo Bíscaro

Popular nas décadas de 1940/50, o cinema noir foi invenção norte-americana batizada por crítico francês. Esse gênero mergulhou nos subterrâneos da sociedade, trazendo muito crime, perversão e sexualidade pras telonas, numa época de censura e otimismo pós-guerra.
Vi 2 documentários em inglês, disponíveis no You Tube, bastante úteis pra conhecer/aprofundar conhecimento sobre os filmes noir, que até hoje informam diretores, cinematógrafos e roteiristas. Pra se ter uma ideia, leia aqui minha resenha sobre um filme búlgaro supernoir, da década passada.
O documentário da PBS – canal culturete da TV norte-americana – aproveitou seu prestígio pra contar com apresentação de John Lithgow e narração dum ator-ícone do cine noir, Richard Widmark.
O programa contextualiza bem o início e apogeu do movimento, citando diversos fatores pra seu sucesso. Sem nomear o Expressionismo alemão, a influência dos expatriados europeus, fugitivos da Segunda Guerra, é mencionada, assim como o contraponto sombrio do gênero em relação à alegria colorida das comédias e musicais, que refletiam o otimismo da vitória sobre os alemães.
O cine noir gerou ótimos filmes B, produzidos pelos mesmos estúdios que lançavam produtos classe A, e lucravam horrores com a venda casada dos primeiros com os últimos, até que a prática foi proibida pelo Supremo.
As femme fatales, personagens onipresentes em qualquer noir que se preze, é problematizada por diversos entrevistados. Com a Guerra, a mulherada invadiu o mercado de trabalho e começou a sentir o gosto bom da liberdade ampliada. Quando os soldados voltaram pra casa, esperava-se que o “sexo frágil” voltasse pra detrás dos fogões nos crescentes subúrbios norte-americanos. Muitas assim o fizeram; muitas não. A femme fatale é lida como sinal dessa independência ampliada, mas também como misoginia exacerbada por esse mesmo crescimento do papel feminino na sociedade.
Nenhum dos programas é capaz de oferecer explicações tão convincentes e elaboradas sobre o declínio dos filmes noir, mas isso não tira seu grande caráter instrutivo.

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