Roberto Rillo Bíscaro
Popular nas décadas de 1940/50, o cinema noir foi invenção
norte-americana batizada por crítico francês. Esse gênero mergulhou nos
subterrâneos da sociedade, trazendo muito crime, perversão e sexualidade pras
telonas, numa época de censura e otimismo pós-guerra.
Vi 2 documentários em inglês, disponíveis no You Tube, bastante
úteis pra conhecer/aprofundar conhecimento sobre os filmes noir, que até
hoje informam diretores, cinematógrafos e roteiristas. Pra se ter uma ideia,
leia aqui minha resenha sobre um filme búlgaro supernoir, da década passada.
O documentário da PBS – canal culturete da TV
norte-americana – aproveitou seu prestígio pra contar com apresentação de John Lithgow e narração dum ator-ícone do cine noir, Richard Widmark.
O programa contextualiza bem o início e apogeu do movimento,
citando diversos fatores pra seu sucesso. Sem nomear o Expressionismo alemão, a
influência dos expatriados europeus, fugitivos da Segunda Guerra, é mencionada,
assim como o contraponto sombrio do gênero em relação à alegria colorida das
comédias e musicais, que refletiam o otimismo da vitória sobre os alemães.
O cine noir gerou ótimos filmes B,
produzidos pelos mesmos estúdios que lançavam produtos classe A, e
lucravam horrores com a venda casada dos primeiros com os últimos, até que a
prática foi proibida pelo Supremo.
As femme fatales, personagens onipresentes em
qualquer noir que se preze, é problematizada por diversos entrevistados. Com a
Guerra, a mulherada invadiu o mercado de trabalho e começou a sentir o gosto
bom da liberdade ampliada. Quando os soldados voltaram pra casa, esperava-se
que o “sexo frágil” voltasse pra detrás dos fogões nos crescentes subúrbios
norte-americanos. Muitas assim o fizeram; muitas não. A femme fatale
é lida como sinal dessa independência ampliada, mas também como misoginia exacerbada
por esse mesmo crescimento do papel feminino na sociedade.
Nenhum dos programas é capaz de oferecer explicações tão
convincentes e elaboradas sobre o declínio dos filmes noir, mas isso não tira
seu grande caráter instrutivo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário