Roberto Rillo Bíscaro
Quem matou...?, pergunta recorrente a espectadores de
séries, filmes e novelas voltou a cair na boca do povo ano passado, quando a
britânica iTV exibiu os 8 capítulos de Broadchurch. Sucesso de público e
crítica, a série ganhou releitura norte-americana, chamada Gracepoint.
Uma turística e pacata cidade costeira é sacudida pelo
assassinato do garoto Danny Latimer. A investigação desenterrará uma coleção de
segredos, apontando pra noção de que de perto ninguém é normal e todos temos
esqueletos no armário. Interesses econômicos, mídia predatória travestida de
informativa e o precipitado julgamento popular, sempre pronto a crer na
primeira bobagem publicada, interferem e atuam na investigação, fazendo de
Broadchurch programa absorvente na maior parte do tempo.
O cardiopata detetive-inspetor Alec Hardy reúne todos
os chavões da criação do policial atormentado e forasteiro. Sua parceira, a
sargento Ellie Miller, é parte da comunidade e serve como contraponto iluminado
a seu superior. Juntamente com personagens também atormentados, Broadchurch
oferece panorama de como todas as vidas podem ser destruídas num piscar de
olhos.
A construção do roteiro, que insiste na reverberação dos
problemas gerais nas vidas das personagens, permite a descoberta do culpado, no
meu caso, lá pelo quinto episódio. No princípio usei o critério de suspeitar do
menos óbvio, mas uma pergunta feita no sexto capítulo ofereceu-me a
confirmação. Um dado físico também, mas não contarei pra não atrapalhar o
prazer da decifração.
Descobrir o(a) culpado(a) tão cedo não ofusca a
qualidade de Broadchurch, porque, a autoria do assassinato tem relevância não
no nível superficial da clássica trama whodunit,
mas na posição de outra personagem.
A iTV anunciou nova
temporada e indicou a ausência de crime; a ênfase recairia nos efeitos da morte
de Danny em Broadchurch. Se bem bolada, pode resultar numa série dramática que
ressalte de verdade a conclusão da primeira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário