terça-feira, 18 de novembro de 2014

TELINHA QUENTE 141







Roberto Rillo Bíscaro

A Grécia Clássica influencia o Ocidente até hoje. Vi a série policial dinamarquesa Ørnen: En krimi-odyssé (2004-6), em português, Águia: uma odisseia do crime. Os 24 episódios são nomeados com personagens da mitologia grega, como Cronos, AgamenonClitemnestra. Mergulhei na intriga policial ao invés de procurar similitudes entre as tramas do Nordic Noir e do imaginário grego, mas percebê-las e descrevê-las daria bom TCC pra estudantes de TV, Letras Clássicas (ainda existem?) ou algo assim. 
Águia é o apelido de Hallgrim Ørn Hallgrimsson, policial meio islandês, meio dinamarquês, que com time de especialistas em diversas áreas resolve casos que envolvem cartel colombiano de drogas; ditadura africana beneficiando-se de minério usado a mancheia, o qual acaba financiando chacinas em locais pobres; terrorista de ex-república soviética querendo construir bomba atômica e tanta coisa mais.
A globalização de Ørnen: En krimi-odyssé  traduz-se em tramas poliglotas e geograficamente diversas; Congo, diversos países europeus como Itália, França, Lituânia, Alemanha e, claro, o resto da Escandinávia. Uma das personagens ouve MPB, São Paulo é mencionada um par de vezes, enfim, muito mais excitante que o incesto geográfico das séries norte-americanas.
Houve horas em que me perguntei por que o nome é individual e não indica o grupo, porque embora a personagens seja o centro com seus problemas com o pai etc, em termos de resolução dos casos policias, o grupo é preponderante e seus membros têm características próprias, além de linhas dramáticas particulares, ainda que menores que as de Hallgrim.
Momentos de realismo mágico como sonhos premonitórios e visões são verossímeis, porque Hallgrim é islandês; estereótipo que comentei na resenha da minissérie O Penhasco.  Longe de serem meus prediletos, não destoam do realismo, como aconteceu em Arne Dahl.
Exceto pelo primeiro e último episódios – que não eletrizam como o  restante – Ørnen: en krimi-odyssé é viciamte, inteligente e merece o Emmy ganhado. Umas 3 ou 4 cenas onde pede-se demasiado de nossa suspensão da descrença, mas nada grave.  
E ainda tem a participação de Bjorn Floberg, de Varg Veum, em vários capítulos, também como comissário de polícia. Aquele sorriso cínico é tudo!

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