Roberto Rillo Bíscaro
Não tenho restrições quanto a narrativas lentas, às
vezes até prefiro, porque saboreio mais personagens e trama. Um dos fortes da
dinamarquesa Forbrydelsen foi a falta de pressa e a interconexão do pessoal com
o político e o policial. Mas, tudo tem que ser dosado; quando o equilíbrio
desanda, o bolo embatuma, como na sueca Graven (2004).
A descoberta duma cova com 5 esqueletos – 2 infantis –
ameaça sacudir a pacífica (jura?) Suécia. Na surdina, um grupo é montado pra
descobrir de quem são os corpos, os autores do crime e os porquês. A
investigação leva a uma rede de terrorismo e suposto contraterrorismo no
cenário de ódio aos árabes acirrado pelo 11 de Setembro. Quase tudo no
bucólico, belo e silencioso cenário rural sueco.
O time de expertos não poderia ser mais antagônico, com
contas do passado a acertar ou problemas potencialmente conflitantes. Até aí
tudo bem, mas gastar o primeiro dos 8 capítulos apenas pra nos mostrar como o
grupo é arregimentado e sem nos revelar o mote da minissérie não contribui pra
que nos interessemos pelo caso.
A equipe é colocada num barco – forçado hein, fião? –
pra que as tensões fermentem, mas nunca consegui me importar com a maioria
deles. Tão diferente da bem menos pretensiosa Arne Dahl, onde dá vontade de
abraçar o Viggo Norlander. Segmentos extremamente longos de Graven são
dedicados ao relacionamento e aos problemas de convivência da equipe, dando a
impressão dum reality show.
E pra que levantar tantos conflitos e problemas
pessoais se no final nada é resolvido? A parte detetivesca, sim, mas a pessoal,
não.
Resultado: tudo comprometido numa série que não sabia
pronde caminhar. A trama policial é emperrada a todo momento pelas picuinhas
individuais, desperdiçadas e incapazes de criar empatia.
A Cova merece ir pra cova.
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