Roberto Rillo Bíscaro
Fazia tempo que não via filmes nacionais, daí, na mesma semana vi 2 que me agradaram intelectualmente (mais ou menos), mas não me pegaram no afetivo.
Fazia tempo que não via filmes nacionais, daí, na mesma semana vi 2 que me agradaram intelectualmente (mais ou menos), mas não me pegaram no afetivo.
O Que Se Move (2012), estreia do diretor Caetano
Gotardo em longa-metragem, apresenta 3 histórias aparentemente independentes,
mas entrelaçadas por tratar de perdas e tragédias cotidianas, de modo bastante
sensível, realçando o fato de que por trás de ações aparentemente esdrúxulas
existe um ser humano complexo, que não deveria ser reduzido à identidade única
geralmente salientada quando algo de desabonador ocorre.
O que mais salta aos ouvidos é que ao final de cada
historieta as mães envolvidas cantam, quebrando o Realismo e surpreendendo
positivamente. É como se o dialogismo não conseguisse dar conta das emoções
abordadas. Mas, talvez desse, se cada episódio fosse formatado em filme
individual.
Esse relaxamento do
Realismo me agradou, mas O Que Se Move padece de certos diálogos plastificados,
algumas tomadas são demoradas em demasia e a terceira história careceu de background pra eu entender como se
chegou à situação abordada, mas, há que se louvar a boa qualidade do roteiro na
condução da cena do almoço na churrascaria, falsamente banal, porém destruidora
pra emoção duma das mães. Talvez o diretor quisesse mesmo que eu sentisse e não
compreendesse.
Co-produzido com a Alemanha, Praia do Futuro (2014) me cativou menos ainda pela duração excessiva pruma história tão distanciada e repleta de elipses não-explicadas.
Donato é bombeiro no Ceará e falha em salvar um turista
alemão do afogamento. Ao dar a notícia ao companheiro de viagem da vítima
inicia um relacionamento amoroso com o estrangeiro, que o leva a mudar-se pra
Berlim, abandonando sua família no Brasil. Anos mais tarde, o irmão mais novo –
que tinha em Donato um super-herói – vai à Alemanha pra acertar contas.
O filme é dividido em 3 capítulos, mas o último não está
bem conexo com os demais. O roteiro insiste em não explicar ou esmiuçar as
coisas ao espectador. Isso não é defeito per
se, mas fiquei curioso por saber como o meninão achou Donato se este sequer
sabia da morte da mãe, dado indicativo da total desconexão com a família.
Homoerotismo – que causou furor ultrajado em salas de
cine brasucas – e relação fraternal não são os leitmotifs de Praia do Futuro, que insiste mais na covardia,
coragem, no aventurar-se. Tudo, porém, difuso demais pra que eu me interessasse
por aquelas pessoas.
Excelente e corajosa atuação
de Wagner Moura (como ele é ótimo!), destreza no uso da paleta de cores,
algumas belas metáforas visuais garantiram minha apreciação cerebral, mas não foram
o bastante pra que não visse a película em 2 prestações.
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