Com uma prótese comum e muletas, Ângelo corre para superar os limites

Igor Christ

Na fila para buscar a medalha da Volta da Pampulha, em Belo Horizonte, Ângelo Andrade era um dos mais festejados pelos demais participantes. Depois de completar o percurso de 17,8km com uma prótese comum e o auxílio de muletas, sobraram palavras de apoio e elogios pela superação. O enfermeiro de 33 anos perdeu a perna direita há seis anos, quando foi atropelado na calçada por um motorista embriagado. Sem desanimar, ele buscou no esporte a força para continuar vivendo.

Ângelo é baiano e mora na capital mineira há mais de 17 anos. Ele escobriu a corrida e passou a levar a modalidade a sério. Enquanto busca uma prótese especial para competir e tenta adaptar os movimentos, Ângelo disputou neste ano 25 provas, sendo seis delas de meia maratona (21km).
- Estava com 92kg e muita dor pelo corpo. Comecei caminhando devagar e fui emagrecendo aos poucos e aumentando a velocidade. Já perdi 10kg desde então. Foi a minha segunda participação na Volta da Pampulha e completei a prova em apenas 1h58m. Ótimo tempo - disse, feliz da vida.

Durante a corrida, são os incentivos dos outros competidores que estimulam Ângelo a seguir em frente e superar os seus limites no esporte. Na pista, o corredor se tranformou em exemplo.
- Esse carinho é fundamental e me deixa muito feliz. Muitos corredores estão quase desistindo, mas quando me veem correndo e buscando a prova na raça, eles não desistem e voltam a correr. O estímulo é, sim, meu maior prêmio. Mostra que eu os motivo bastante - afirmou.

Sem pensar em parar e ainda mais confiante, o corredor deixa uma mensagem para todas as pessoas que ainda não conseguiram espantar a vida sedentária e também mudar de hábitos.
- Se você quer mudar, crie uma meta pequena para a sua vida. E, claro, lute bastante para conquistá-la e ser cada vez mais feliz - frisou.