Roberto Rillo Bíscaro
Divas negras gritonas nunca são demais. Por isso, ainda
festejo ter conhecido K. Michelle, logo após ter resenhado o excelente álbum
novo de Mary J. Blige.
Gostosa e viciada em aparecer na mídia, K. Michelle é
embalada no papel de presente da pós-modernidade superexposta em reality shows
e Twitter. Mas ao contrário de muitos pares autotunadas, sabe cantar, confira no
recém-lançado Anybody Wanna Buy a Heart?
A produção é contemporânea; retrô não tem espaço a não ser
residual, como no clima jazz de inferninho da faixa de abertura, Judge Me, com
seu naipe de metais apimentado. Já que crossover é mandatório, God I Get It
fecha o álbum em estilo country; ué, se Lionel Ritchie abocanhou bem essa fatia
de mercado, por que não botar uma botinha nesse terreno?
Anybody Wanna Buy a Heart é composto de baladas e Rhythm and
Blues contemporâneo, sem faixas dançáveis; as mais ligeiras são a patinante
Going Under e a segunda parte de Build a Man Intro/Build a Man.
Algumas letras retratam eu-líricos que financiariam
casas de veraneio a analistas. Em Cry, como vingança ao namorado infiel,
Michelle afirma que deixará alguém beijar seu corpo, gravar e fazer o namorado
chorar, afinal, “não é amor, é só vingança”. Paris Hilton e Emily Thorne teriam
frêmitos de prazer. Em Drake Would Love, em resposta a pouco caso alheio, a
letra idealiza o rapper canadense Drake em níveis de adoração adolescente. Dá
um pouco de medo, mas a canção é boa.
O álbum inteiro é bom.
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