Nosso historiador-cronista faz balanço social do ano que se finda e projeta esperanças e desejos para 2015.
ANO NOVO: NOVIDADES SOCIAIS...
ANO NOVO: NOVIDADES SOCIAIS...
José Carlos Sebe Bom Meihy
E eis que novamente repetimos a tradição dos votos de Ano Novo. Além dos inefáveis regimes alimentares, propostas de exercícios físicos, correção de manias negativas, superação de problemas pessoais, este ano temos algo mais a colocar nas listas de desejos a serem realizados. Como nunca, acredito, é hora de trocarmos o particular pelo coletivo. Vale a pena reduzir a concentração de energia gasta em proveito pessoal e transferir reflexões para o ambiente aberto da coletividade humana. Creio que poucas vezes se pode acompanhar situações em que os problemas sociais tivessem tanta incidência sobre os destinos grupais. De ponta a ponta, em qualquer país, como nunca ensejam-se melhorias que se apoiam na formação de opiniões públicas. Não são, pois simples e vagos votos de prosperidade e progresso que se pretende. Não. Antes de falarmos de desenvolvimento e esperança, temos que reparar alguns erros do passado recente, medir o significado de 2014 e assinalar que precisamos aceitar alguns feitos recentes como condição de avanço para o ano que vem.
Saímos de um ano penoso demais, mas houve também lições advindas de plataformas variadas. Os eventos esportivos, por exemplo, em particular a Copa do Mundo, movimentaram torcidas e de certa forma isso serviu de lição para os lances que se projetam nas Olimpíadas de 2016, entre um ponto e outro, 2015 tem que ser de planejamento e ajustes. Não apenas tecnicamente falando, mas também em termos de benefícios turísticos e até sociais, carecemos de pensar o significado dos megaeventos. A par disto, 2014 foi também um ano avassalador para o andamento democrático mundial, pois as eleições em países como o Egito, África do Sul, El Salvador, Colômbia, Panamá, Afeganistão, Uruguai, Turquia, significaram muito na busca da democracia mundial. Neste quesito, aliás, os resultados da nossa eleição marcaram o calendário político dividindo o país em dois blocos. Longe de pensar em vencedores e vencidos, o que se aprendeu é que falamos mais claramente de projetos e que os dois lados estão sob a mira um do outro. Isso é bom, em particular se nos inscrevermos melhor no mundo globalizado. Tomara que deixemos de nos medir apenas pelos Estados Unidos e em 2015 aprendamos a ver o conjunto das nações em suas tentavas de acerto. Assim, fica dada a largada para um movimento de 2015 melhor: registrar nossa vida política a par das páginas do mundo. Chega de pensar que somos uma ilha.
Decorrência natural do esforço de pertencimento às linhas da globalização, seria o esclarecimento do papel do Brasil na complexa colaboração internacional. Não basta apenas recebermos imigrantes sofridos por catástrofes em seus países, é preciso também verificar as condições sociais de acolhimento a tantos: haitianos, bolivianos e sírios. Isto exige que deixemos de ser simplistas na aceitação de busca de um lugar político nos polos decisórios da ONU. É preciso que em 2015 tenhamos maturidade para verificar que o Brasil é mais considerado e importante do que supomos. O concerto das nações nos vê como país modelar e em sucesso, temos, pois que assumir isto além da visão simplificadora de que somos um povo miserável e sem governo.
Sem dúvida os avanços permitidos pelas comunicações em geral fizeram do mês de abril passado um marco pela “Conferência sobre a governança mundial de Internet”, porém muito ainda há a ser feito, em particular na área de educação e uso escolar da eletrônica. Tomara que superemos a tendência irritante de validação das redes sociais em termos pessoais. Na linha das preocupações sociais a serem praticadas, temos ainda que exercitar um fator que fez do ano que se fecha um sinal memorável, a “Cúpula da ONU sobre o Clima” realizada em Nova York e em Santiago. Urge fazer alguma coisa no ano entrante para conscientizar os próximos sobre obrigações que temos que ter para com o planeta. As variações climáticas estão nos avisando que não dá mais para esperar. Por fim, vale acrescentar algo que vai além das diferenças de propósitos repartidos entre interesses pessoais e coletivos. É chegada a hora de investir no social que começa em cada um de nós. Que 2015 seja, pois, o nosso ano global. Feliz ano novo.
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