Roberto Rillo Bíscaro
Eden é um marinheiro brutamontes que salva o universitário
Arthur duma briga. Fingindo estar agradecendo – ele queria mesmo chocar a
família – o mancebo convida seu salvador pra jantar na sua refinada residência classe-média.
Durante o jantar, Martin apaixona-se por Ruth, estudante de Artes na
universidade. Na perspectiva de classe, o correto é afirmar que o rapaz cai de
amores pelo polimento de maneiras, vocabulário e cultura que encontra no
ambiente e que considera infinitamente superior ao da classe operária.
Bem ao gosto Naturalista, London pinta a atração mútua entre
Martin e Ruth com os cheiros da atração física, mas sem esconder a faina
reformista da moça que no início nada mais quer do que refinar o marinheiro e o
desejo de Martin em ascender àquele mundo percebido como perfeito, harmonioso,
sem defeitos.
Martin decide tornar-se escritor e é esse processo de
aprendizagem – que por vezes empresta ares de Poética ao romance –, de busca
por reconhecimento como escritor e de crescente sentimento de alienação que
torna a obra tão interessante.
A alienação não ocorre somente em relação à classe trabalhadora.
Quando Ruth dá sinais de que acha fúteis os esforços do aprendiz de escriba e
começa a ficar pra trás intelectualmente, a idealização do refinamento burguês
começa a ruir na cabeça de Martin.
Deslocado em diferentes ambientes sociais e crendo
tenazmente na saída única do individualismo, o que restará ao protagonista?
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