terça-feira, 2 de dezembro de 2014

TELINHA QUENTE 143


Roberto Rillo Bíscaro

A terceira temporada da encarnação 2012 de DALLAS foi a primeira sem o icônico JR Ewing, devido à morte do ator Larry Hagman. Fãs de longa data sabiam que seria difícil lidar com a ausência do centro da catarse folhetinesca. Mas, JR se fez presente nos 15 capítulos, porque muito do conflito decorreu de suas ações na segunda temporada. Além disso, um dos ganchos pro desenrolar de novos imbróglios foi proporcionado pelo espectro-vilão.
Devoto desde o início dos 80’s, engrossei o coro de descontentes com a transformação de Cliff Barnes em bandidão corporativo e ansiei pela inclusão de personagens da velha-guarda, especialmente Katherine Wentworth, malvada ensandecida que botaria mais fogo no calor texano. Mas, reconheço que a versão 2010’s tinha que agregar público novo e seguir seu próprio caminho. E acho que a produtora Cynthia Cidre fez trabalho muito bom.
Inicialmente proposta como continuação da eterna luta interna no clã dos Ewings, DALLAS centrar-se-ia na batalha entre o filho de JR (John Ross) e o de Bobby (Christopher, a rigor, um não-Ewing, posto ser adotado). Quando inimigos externos ameaçam, porém, os Ewings dão uma trégua e os dizimam. Isso é o que faz com que amemos tanto essa família.
Christopher não deve ter agradado, porque a temporada enfocou basicamente os problemas conjugais de John Ross (casado com a filha do arqui-inimigo Cliff) e a batalha dos Ewings contra um cartel de narcotraficantes mexicanos, que almejava o controle da Ewing Global pra financiar a tomada do governo do México. A julgar pelo noticiário do mundo “real”, eles nem precisaram da EG.
Christopher ficou muito em segundo plano, Sue Ellen voltou a encher a cara, Harris Ryland mudou repentinamente, desfazendo a promessa de megavilão ensaiada na temporada anterior. Em compensação, Emma e Judith (deliciosa e canastronamente interpretada por Judith Light) provaram que não estavam brincando em serviço e foram megeras. Mas, DALLAS continua “coisa de homem” e é John Ross, provando estarmos ainda no Naturalismo, que vez mais emerge como sangue de seu pai e chega ao fim afirmando ser pior que ele.
Cheia de reviravoltas eletrizantes, DALLLAS teve assassinato, overdose autoinduzida, ensaio de ménage a trois e traição, traição, traição! Tudo que pedimos duma soap. Não sosseguei enquanto não vi tudo.
Acredita que, mesmo assim, a maldita TNT cancelou a série?! Logo agora que havia retornado a abertura com tela tripartida, clássico oitentista. Exibida em noite cheia de campeões de audiência em canais maiores e com uma temporada desastradamente dividida em 2 partes, DALLAS falhou em manter o bom público e pela inexorável lógica do lucro – a mesma que glorifica – foi destruída.
Apesar de ter tido 3 temporadas absorventes, como recomendar ao leitor uma série que o deixará com perguntas sem resposta? Quer saber? Recomendo sim, porque DALLAS é meu programa do coração.

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