Roberto Rillo Bíscaro
A terceira
temporada da encarnação 2012 de DALLAS foi a primeira sem o icônico JR Ewing,
devido à morte do ator Larry Hagman. Fãs de longa data sabiam que seria difícil
lidar com a ausência do centro da catarse folhetinesca. Mas, JR se fez presente
nos 15 capítulos, porque muito do conflito decorreu de suas ações na segunda temporada. Além disso, um dos ganchos pro desenrolar de novos imbróglios foi
proporcionado pelo espectro-vilão.
Devoto desde o
início dos 80’s, engrossei o coro de descontentes com a transformação de Cliff
Barnes em bandidão corporativo e ansiei pela inclusão de personagens da
velha-guarda, especialmente Katherine Wentworth, malvada ensandecida que
botaria mais fogo no calor texano. Mas, reconheço que a versão 2010’s tinha que
agregar público novo e seguir seu próprio caminho. E acho que a produtora
Cynthia Cidre fez trabalho muito bom.
Inicialmente
proposta como continuação da eterna luta interna no clã dos Ewings, DALLAS
centrar-se-ia na batalha entre o filho de JR (John Ross) e o de Bobby
(Christopher, a rigor, um não-Ewing, posto ser adotado). Quando inimigos
externos ameaçam, porém, os Ewings dão uma trégua e os dizimam. Isso é o que
faz com que amemos tanto essa família.
Christopher não
deve ter agradado, porque a temporada enfocou basicamente os problemas
conjugais de John Ross (casado com a filha do arqui-inimigo Cliff) e a batalha
dos Ewings contra um cartel de narcotraficantes mexicanos, que almejava o
controle da Ewing Global pra financiar a tomada do governo do México. A julgar
pelo noticiário do mundo “real”, eles nem precisaram da EG.
Christopher
ficou muito em segundo plano, Sue Ellen voltou a encher a cara, Harris Ryland
mudou repentinamente, desfazendo a promessa de megavilão ensaiada na temporada anterior. Em compensação, Emma e Judith (deliciosa e canastronamente
interpretada por Judith Light) provaram que não estavam brincando em serviço e
foram megeras. Mas, DALLAS continua “coisa de homem” e é John Ross, provando
estarmos ainda no Naturalismo, que vez mais emerge como sangue de seu pai e
chega ao fim afirmando ser pior que ele.
Cheia de
reviravoltas eletrizantes, DALLLAS teve assassinato, overdose autoinduzida,
ensaio de ménage a trois e traição,
traição, traição! Tudo que pedimos duma soap.
Não sosseguei enquanto não vi tudo.
Acredita que, mesmo
assim, a maldita TNT cancelou a série?! Logo agora que havia retornado a
abertura com tela tripartida, clássico oitentista. Exibida em noite cheia de
campeões de audiência em canais maiores e com uma temporada desastradamente
dividida em 2 partes, DALLAS falhou em manter o bom público e pela inexorável
lógica do lucro – a mesma que glorifica – foi destruída.
Apesar de ter
tido 3 temporadas absorventes, como recomendar ao leitor uma série que o
deixará com perguntas sem resposta? Quer saber? Recomendo sim, porque DALLAS é meu programa do coração.
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