terça-feira, 23 de dezembro de 2014

TELINHA QUENTE 146

Roberto Rillo Bíscaro

Desaconselhei a minissérie sueca Graven (resenha aqui), mas vi os 6 capítulos de Morden (2009), produzida pela mesma equipe, com elenco similar e tudo. Dirão que sou masoquista; prefiro pensar em treino pra valorização do lado cheio de copos.
A história tem muitas semelhanças com a de Graven. Numa ilha perto de Estocolmo (presumo que assim seja, porque as personagens vão e voltam tão fluidamente e sem notificar o espectador...), onde uma família fora assassinada pelo filho em 1983, um esqueleto é encontrado numa cova e pra surpresa dos policiais o corpo era do suposto assassino. Isso significava que o perpetrador estava solto, talvez na ilha, e precisava ser capturado antes que o crime prescrevesse, data que se aproximava, pra dar mais urgência à narrativa.
SQN.
A mesma equipe de Graven novamente se hospeda num barco e inicia as investigações na ilha. A paisagem florestal belíssima é uma das principais razões pra se ver Morden.
Alguns dos policiais participaram da investigação nos 80’s e isso possibilita certa ligação com alguns ilhéus, mas, e a conexão com o público, como fica? Fica melhor do que em Graven, mas ainda aquém do necessário pra nos importarmos ou torcermos pelos tiras. Um teve um affair com uma ilhoa cega envolvida com a família chacinada; outro tem câncer terminal; outra está grávida; outro saiu do armário, mas sempre estão distantes, difícil empatizarmos com eles.
O caso do analista que saiu do armário me chamou a atenção: pra que usar esse estratagema, mas jamais explorá-lo? As questões pessoais dos demais investigadores são tematizadas, exceto a de Claes, que não merece mais do que um par de referências no diálogo. Tudo bem que ele é chato pra burro, mas há algo de estranho aí.
A história e a virada de trama são bem boladas, mas a execução peca por não nos trazer emocionalmente pra minissérie. Não adianta querer distanciamento usando instrumentos narrativos que por princípio o excluem.
Achei melhor que Graven, porque mais curta e menos derivativa na trama, mas ainda assim Morden é indicada apenas pra maníacos e completistas de Nordic Noir

Nenhum comentário:

Postar um comentário