Roberto Rillo Bíscaro
Os mortos-vivos invadiram a cultura de massa de tal modo que alguns fãs de zumbi enjoaram ou torceram o nariz pra popularização. Legal enquanto o gosto é guetificado; mainstreamizou perde o T, porque mina a ilusão de pertencimento a grupo exclusivo. Com série de TV exibida até em canal aberto brasuca, passeatas de zumbis em pacatas cidades mineiras e fantasiados de mortos-vivos dançando no You Tube fica difícil se sentir diferente por curti-los.
Os mortos-vivos invadiram a cultura de massa de tal modo que alguns fãs de zumbi enjoaram ou torceram o nariz pra popularização. Legal enquanto o gosto é guetificado; mainstreamizou perde o T, porque mina a ilusão de pertencimento a grupo exclusivo. Com série de TV exibida até em canal aberto brasuca, passeatas de zumbis em pacatas cidades mineiras e fantasiados de mortos-vivos dançando no You Tube fica difícil se sentir diferente por curti-los.
Não sou fã deles – embora meu personagem favorito domundo do horror seja um – e dessa enxurrada zumbificada vi o influente Shaun of
the Dead (2004) e li Amor e Preconceito e Zumbis, que ganhei. Mas sei que há
zumbis teens apaixonados, zumbi gay,
Brad Pitt fazendo filme de zumbi, vídeo game de zumbis e uma avalanche de
produtos aproveitando a moda.
Sem interesse de participar da cultura zombie, mas curioso por conhecê-la
melhor, vi o documentário Doc of the Dead (2014), cujo titulo parodia o formato
de muitas produções do sub-gênero, espalhadas pelos continentes com nomes como
Dawn of the Dead, War of the Dead e por aí vai.
Recheado de explicações de psicologia/academia pop, o
programa mostra as origens da invasão zumbi, desde os filmes dos anos 40/50,
quando práticas mágicas haitianas mal interpretadas e temperadas com preconceito
racial iniciaram a representação desses seres no cinema. Comentei uma dessas
produções em 2009, leia aqui. Doc of the Dead esquece de comentar que o pânico
anticomunista dos 50’s também associou o regime soviético à frieza e falta de
emoção zumbificada.
George Romero foi o responsável pela criação de boa parte
da mitologia zumbi, com seu fundamental A Noite dos Mortos Vivos (1968) e o
cineasta não apenas participa do documentário, como sua obra é discutida por
fãs. Ele também discorda de “inovações” no mundo dos zumbis, como andar rápido
e zumbi romântico. Conforme o documentário passa pelo desenvolvimento do
sub-gênero, gente como Bruce Campbell dá opiniões, elogia, critica.
Abrangendo TV, literatura (sem tocar nas adaptações de
clássicos ao universo zumbi), vídeo games e acessórios que vão desde kits de sobrevivência a experiências
interativas num ambiente pós-holocausto zumbi, Doc of the Dead explica a
popularidade das criaturas ligando-as a consumismo, AIDS e mais.
Quem quer verticalização numa área não curtirá o
programa, que, mesmo pretendendo ser variado não consegue dar conta da produção
não-anglófona. Paradoxalmente, em alguns momentos sente-se que o exibido
interessa apenas pra mergulhados no universo.
No geral, Doc of the Dead serve pra amadores e
especialistas.
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