Temendo Ataques, Famílias Tanzanianas Buscam Refúgios para Crianças com Albinismo
(Tradução: Roberto Rillo Bíscaro)
Pais tanzanianos de crianças com albinismo estão lutando para encontrar
refúgios para seus filhos após o sequestro e suposto assassinato de 2 crianças
ter aumentado o medo de mais ataques a albinos neste ano eleitoral.
Nos últimos 2 meses, 2 crianças albinas desapareceram apesar de o
governo ter proibido curandeiros, acusados de encorajarem os ataques contra albinos
a fim de retirar-lhes partes do corpo para preparar feitiços e poções, que,
segundo eles, trazem boa sorte e riqueza.
Na semana passada, a polícia achou o corpo de Yohana Bahati, de um ano
de idade, dias depois de uma gangue armado tê-lo raptado de casa no noroeste da
Tanzânia. Seus braços e pernas haviam sido decepados.
Ele foi a segunda criança com albinismo a ser sequestrada em 2 meses na
área dos lagos. Estima-se que 75 albinos tenham sido mortos na Tanzânia desde 2000,de
acordo com a ONU. Uma menina de 4 anos raptada em dezembro segue desaparecida.
O Alto Comissário para Direitos Humanos das Nações Unidas, Zeid Ra'ad Al
Hussein, pediu mais proteção para as pessoas com albinismo, que correm risco
neste ano eleitoral: teme-se que políticos recorram à bruxaria para aumentarem
suas chances.
Peter Ajali, coordenador de um abrigo para crianças com necessidades
específicas, disse que o número de crianças com albinismo buscando refúgio
quase dobrou este mês, pulando de 115 para 218.
Outros centros residenciais geridos pelo governo relatam aumento
similar. Segundo Ajali:
" Temos recebido um número enorme de crianças com albinismo em
muito pouco tempo; a maioria trazida pelos pais, que creem que seus filhos
estariam mais seguros aqui. Aqi temos uma equipe de segurança privada e a
polícia sempre protege as crianças.
Kulwa Ng'welo, da escola primária Mitindo, que abriga crianças com
necessidades específicas, contou que na semana anterior o número de crianças
albinas passara de 45 para 67.
Uma pesquisa de opinião em 2010 constatou que a despeito de a maioria
dos tanzanianos ser cristão ou muçulmano, 60% acreditava que certas pessoas
tinham poder para rogar pragas ou fazer feitiços.
Curandeiros chegam a pagar 75 mil dólares pelos membros de uma pessoa
com albinismo, segundo relatório da Cruz Vermelha.
Beatrice Lema, 16, trazida pelos pais ao abrigo na semana anterior,
disse que se sente muito mais segura lá do que em casa.
“Não quero morrer, quero estar em segurança. Tenho muito s amigos para
brincar e acho que ninguém virá aqui para me fazer mal.”
Em meio à crescente revolta contra a falta de proteção aos albinos – até
agora apenas 5 condenações pelos crimes – a polícia da capital Dar Es Salaam autorizou
os planos da Sociedade Tanzaniana de Albinismo de protestar em frente a prédios
governamentais em 3 de março.
“É dever de todos lutar por justiça e proteger as vidas das pessoas com
albinismo”, afirmou Mohamed Chanzi, secretário-geral da associação.
O albinismo é uma desordem congênita que afeta uma a cada 20 mil pessoas
no mundo. É mais comum na África sub-saariana e aparece em um de cada 1.4000
tanzanianos.
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