Roberto Rillo Bíscaro
Há um par de semanas, vibrei com as raras oportunidades que atores maduros têm pra papeis mais consequentes (leia aqui). Imagine quando soube de Love is Strange (2014), estrelado por meu querido John Lithgow e por Alfred Molina. Elogiado com fartura, estava curioso pra ver a incomum representação dum casal gay na hipocritamente eufemística “melhor idade”. Terminado o trabalho dirigido por Ira Sachs, achei estranho apenas os louros exagerados.
Há um par de semanas, vibrei com as raras oportunidades que atores maduros têm pra papeis mais consequentes (leia aqui). Imagine quando soube de Love is Strange (2014), estrelado por meu querido John Lithgow e por Alfred Molina. Elogiado com fartura, estava curioso pra ver a incomum representação dum casal gay na hipocritamente eufemística “melhor idade”. Terminado o trabalho dirigido por Ira Sachs, achei estranho apenas os louros exagerados.
Um casal oficializa união que dura quase 40 anos. Ben
(Lithgow) é aposentado e George (Molina) ensina música numa escola católica.
Enquanto a união não era sancionada pelo Estado a diocese fazia vista grossa;
formalizada, o bispo pede a demissão do professor, feita explicitamente por
motivos de orientação sexual, que provavelmente garantiria um bom processo nas
costas da Igreja e projeção nacional a George, considerando-se o fragor
litigioso norte-americano.
Mas, ele aceita a discriminação passivamente e em pouco
tempo o casal não tem como arcar com as despesas do apartamento e enquanto não
conseguem comprar algo mais modesto, têm que se separar e viver em casas de
outrem. Passar à condição de sem-teto praticamente de hora pra outra parece ser
normal pro roteiro; e viva o “primeiro-mundo”, não?
George vai dormir na sala dum apartamento de amigos
gays bem mais jovens, que têm o espaço lotado o tempo todo com festas e muitos
convidados. Ben vai pro apartamento do sobrinho, que vive com esposa e filho.
Boa parte da narrativa ressalta a saudade e o desconforto das situações.
No caso de Ben, o sobrinho-neto adolescente logo se
ressente de ter que dividir o quarto e começa a hostilizar o tio. O problema é
que muitos fios de sub-tramas são lançados e a maioria não é aproveitada.
Quando ocorre a reviravolta final, apesar de
simpatizarmos com Ben e George, não é o suficiente pra nos importarmos tanto
com o que ocorre a um deles. No fundo, o que se ressalta é uma pontada de
sensação de culpa por parte do garotão, mas pra variar isso não resulta em
nada, a não ser que se considere consequente uma bela tomada dele andando de
skate pelas ruas da Grande Maçã.
Como Woody Allen, Sachs adora explorar a paisagem
nova-iorquina, mas tudo é morno demais pra justificar tantos elogios a Love Is
Strange.
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