Roberto Rillo Bíscaro
A grande diversão era acompanhar as falcatruas de Frank
Underwood – espécie de JR Ewing deste início de século – em sua escalada ao poder.
Maquiavélico e brutal, o enrustido sulista chegou ao topo. Com a renúncia do
presidente, Underwood começa a temporada cumprindo o resto de mandato. Se não
havia mais progressão vertical na carreira, esperava-se que ele
subornaria/destruiria meia Washington pra granjear apoio e ganhar a eleição de
2016.
Ele tenta conquistar suporte e roubar a simpatia da
população, mas, passa a temporada praticamente na defensiva e perdendo batalha
após batalha. Em sua encarnação mais fraca, restam as apelações do roteiro com
o presidente urinando no túmulo do pai e cuspindo na cruz. Que ele é
endemoninhado como um Ricardo do Bardo já sabemos. Essas ações pueris pra
chocar não somam à personagem, que queremos odiar pelo estrago que faz ao redor
e potencialmente ao mundo caso permaneça presidente.
As sub-tramas não são sequer dignas de comentário; quem
liga pra recuperação de Doug ou pro que foi feito de Fred? O destaque de House
of Cards 3 é o presidente russo Victor Petrov, paródia nada camuflada do real
Putin. Até as Pussy Riots fazem participação especial pra detonar o homofóbico
Petrov, que infelizmente aparece em 3 ou 4 episódios. Digna de nota é a
escalação do dinamarquês Lars Mikkelsen pro papel. Ele é o Troels Hartmann, de Forbrydelsen. Não falo que Nordic Noir é tendência?
Pro final deixei a insidiosa, sinuosa e elegante Claire,
a grande personagem de House of Cards. A simbiose com o marido pra compartilhar
o poder fazia dela um dos papeis mais instigantes da atualidade. Mas, tal qual
(First) Lady Macbeth, ela começa a ter crise de consciência e boa parte dos
episódios foca na deterioração do relacionamento com Frank. Esse comportamento
mostra desenvolvimento da personagem – coisa que Frank não teve – mas oblitera
um dos pilares da série.
O que os roteiristas farão na quarta temporada? Um dos
caminhos abertos pela season finale é
Claire duelando com Frank pela presidência. Seja o que/como for, verei a quarta
vinda de House of Cards apenas por Claire. Como o eleitorado que na ficção a
adora, ela tem meu voto.
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