Roberto Rillo Bíscaro
Adoro filme de casa mal-assombrada. Recentemente vi 3
produções provenientes de cantos díspares e distantes do globo.
Da Irlanda vem The Canal (2014), escrito e dirigido por Ivan Kavanagh. Quando um arquivista descobre que sua casa fora palco de sangrentos eventos, sua vida começa a degringolar. Seria o fantasma do assassino da própria esposa? Seria David enlouquecendo? A exposição é lenta e quieta; a cinematografia sombria e fria nesse terror psicológico que da metade em diante tem algumas cenas nojentinhas. A despeito do título, trata-se duma película de casa mal assombrada com um final muito triste.
O final do venezuelano La Casa del Fin de los Tiempos (2013), ao contrário, vem em nota de otimismo, depois de idas e vindas temporais (literalmente) misturando suspense, ficção-científica, horror e módica dose de (melo)drama. O roteirista e escritor Alejandro Hidalgo colocou o país no mapa do cine fantástico e deu uma aula de como fazer cinema absorvente e bonito com baixo orçamento. Dulce volta pra casa após 3 décadas de cadeia por ter assassinado o marido. No velho sobrado, antigos fantasmas voltam a assombrá-la. Um padre pesquisa a história e descobre o passado sangrento da residência labiríntica. Sustos, sessão espírita, viagem no tempo, portas batendo, boas atuações e um roteiro que, malgrado fiozinhos soltos, prende, tornam La Casa del Fin de los Tiempos obrigatório pra cultores do gênero.
Housebound (2014) é uma comédia de terror vinda da Nova Zelândia, que já parira Peter Jackson. Antes de estourar com anéis e Hobbits, o diretor fizera (ter)rir com o excesso de nojeiras de Fome Animal. O elogiado Housebound foi escrito e dirigido por Gerard Johnstone. Uma delinquente bipolar é sentenciada a 8 meses de prisão domiciliar na casa da mãe com quem não falava há anos. Lá, encasqueta que há algo sinistro na habitação. A mescla de humor, suspense, horror, nonsense é elogiável, mas não é meu tipo de filme. Consigo recomendar racionalmente, porque é original e superior a lixos que lotam cinemas, tipo Annabelle. Emocionalmente, prefiro o irlandês e o venezuelano. Esse negócio de misturar comédia com horror não funciona comigo, porque um agua o outro: não sorri sequer – na verdade, pausei pra tentar passar da fase 114 de Best Fiends, no celular.
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