As Crianças
Caçadas Devido a Sua Pele: os jovens albinos do Malawi sob proteção da polícia
e do exército a fim de protege-los de caçadores que os matam para para que seus
corpos sejam usados em rituais de magia
COREY CHARLTON
(Tradução: Roberto Rillo Bíscaro)
Estas são as pessoas com albinismo (PCAs) colocadas sob
proteção da polícia e do exército em uma tentativa desesperada de deter o cruel
mercado de partes de corpos de PCAs, que atua na África Oriental.
No Malawi, os policiais receberam ordens para
atirar em qualquer um pego atacando PCAs, enquanto o Primeiro-Ministro
tanzaniano incentivou os cidadãos a matarem quem for capturado com partes de
corpos de albinos. No vizinho Burundi, jovens albinos de toda a África Oriental
estão sendo abrigados em acomodações especiais sob proteção militar na
tentativa de deter os agressores.
Essas medidas drásticas vêm no momento que a ONU
relata que pelo menos 15 PCAs, a maioria crianças, foram mortas, feridas ou
raptadas na África Oriental nos últimos 6 meses.
Partes de corpos de albinos são valorizadas em
magia negra e feitiçaria, porque se crê que poções preparadas com partes de
seus corpos trarão sorte, amor e riqueza.
A mais recente diretiva veio do Inspetor Geral da
Polícia do Malawi, Lexen Kachama, que instruiu os policiais a atirarem em
quaisquer “criminosos perigosos” pegos raptando albinos.
“Atire em todo criminoso que reagir violentamente
ao ser surpreendido abduzindo PCAs”, declarou Kachama, acrescentando que estava
ordenando que a polícia a usar armas de acordo com a proporção do crime. “Não
podemos apenas assistir a nossos amigos albinos sendo mortos como animais todos
os dias. Sabemos que esses infratores são violentos, impiedosos e, portanto,
precisam ser tratados como tal.”
Essas palavras vieram apenas um mês depois que um
cidadão do Malawi foi preso tentando estrangular um garoto albino de 16 anos.
Afirmação parecida fora feita pelo
Primeiro-Ministro tanzaniano Mizengo Pinda, em 2009, quando incentivou cidadãos
a matarem qualquer capturado de pose de partes de corpos de PCAs.
Grupos de defesa dos albinos têm pedido por maior
proteção às PCAs, mas afirmaram que matar suspeitos não deteria os criminosos,
porque somas muito altas são oferecidas por partes de corpos. Assim,
provavelmente pessoas ainda correriam o risco por causa da recompensa
prometida.
Feiticeiros podem pagar milhares de dólares por um
jogo completo de partes de corpos albinos, segundo um relatório da Cruz
Vermelha.
Vicky Ntetema, diretora-executiva da ONG canadense
Under The Same Sun, disse que ativistas querem justiça para os raptados,
mutilados e mortos.
“Temos que lembrar, porém, que todos aqueles
marginais pegos com a mão na massa são peixes pequenos – agentes e executores
para os tubarões. Matá-los não nos auxiliará a pegar os mentores, aqueles com
dinheiro para contratar essas gangues, que continuam a aterrorizar pessoas
inocentes e suas famílias.”
Ntetema admoestou as polícias da Tanzânia, Malawi e Burundi a
interrogarem suspeitos a fim de obterem informações sobre os curandeiros que
utilizam partes de corpos de PCAs e seus clientes.
“Precisamos nos unir e achar os culpados escondidos por detrás dos
assassinos. Por que as pessoas matariam PCAs se não houvesse procura por seus
órgãos?”, ela questiona.
O martírio das PCAs na África Oriental tem piorado nos últimos anos, de
acordo com dados da ONU e das polícias, com temores de que as eleições deste
ano na Tanzânia suscitarão novos ataques, pois políticos poderão buscar por
sorte nas urnas.
O Alto Comissário da ONU para Direitos Humanos, Said Zeid Ra'ad Al
Hussein, urgiu os governos africanos a combaterem a impunidade nos crimes
contra PCAs.
O albinismo é uma desordem congênita que afeta cerca de uma em cada 20
mil pessoas, segundo autoridades médicas. É mais comum na África sub-saariana e
aflige cerca de um tanzaniano em cada 1.400.
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