segunda-feira, 18 de maio de 2015

CAIXA DE MÚSICA 170

Resultado de imagem para snoop dog bush
Roberto Rillo Bíscaro

Calvin Cordozar Broadus Jr tem variado seus nomes artísticos: Snoop Doggy Dogg, Snoopzila, Snoop Lion. Atualmente é Snoop Dogg, alcunha com a qual fez ponta em Empire e lançou semana passada o álbum Bush. O Doggfather saiu da reclamação ameaçadora do gueto gangsta e se jogou no glamour bafônico retrofunk e disco, com a ajuda do badalado produtor Pharrell Williams, outro que ama um som vintage anos 70/80. Quem odeia rap sossegue, tirando uma outra falaçãozinha de leve, o material é primordialmente cantado. 
As 10 faixas de Bush estão dispostas como que pruma curtição de festa ou rolê de limo pelas partes nobres de Los Angeles. Há o chill in e o chill out das mid-tempos que abrem e encerram o disco, enrolando as 8 canções dançantes. California Roll, o chill in, tem vocais de apoio e gaita de Stevie Wonder numa melodia deslizante que fala em passear em Melrose e diz que a menina pode se tornar estrela de cine e aconselha-a a conseguir um cartão médico, porque “that´s how California roll”. No estado que legalizou a cannabis medicinal fica fácil entender o jogo de palavras e o sentido da moita do título. Diversas outras canções falam em ficar chapado, então viajando nessa maionese maconhada dá pra metaforizar que Bush é como um baseado: as faixas 1 e 10 envolvem a bomba dançável das faixas 2 a 9.    
This City é elegantíssima, funk perfeito pra dar carão, bater cabelo, mexer bundão ou simplesmente passear de conversível por Rodeo Drive pra se mostrar, fazendo cara de nojo. R U a Freak é electrofunk que remete ao Shalamar de A Night to Remember, Awake é covardia: aquela guitarrinha chupada de quando Nile Rodgers estava no auge é muito pra nossos corações de meia-idade que viveram o esplendor do Chic.
Depois de Awake, embora as faixas sejam muito boas e não deixem o pique cair, o fumacê obscurece identidades e parece que estamos ouvindo um medley, mas você não se arrependerá em buscar resquícios de Tom Tom Club, Jocelyn Brown, ou de Everybody, de Madonna. Ou, se estiver numa festa, só vai querer dançar, quem se importa?
Como cantor, Snoop é excelente rapper. Meio estranho como Pharrell, que já produziu não-vozes como ele mesmo ou Britney Spears, não usou a mágica de estúdio pra deixar o homem que já gravou instruções pra GPS cantando bem. A voz ou está acabrunhada demais ou soterrada entre excelentes vocalistas de apoio, então não se preocupe, não faz falta.
Por que Kylie Minogue não chamou Pharrell Williams pra produzir o desastroso Kiss Me Once em sua totalidade? Só I Was Gonna Cancel não salvou a australiana do naufrágio. A julgar pelo que o produtor fez com o repaginado 40tão Snoop Dogg, teria sido uma delícia de álbum, como o do Doggfather.

Nenhum comentário:

Postar um comentário