Nosso historiador-cronista não é muito afeito a passar horas no Facebook, mas no Dia das Mães deteve-se lendo frases/conselhos de mães em um perfil amigo. O resultado é essa linda crônica que o Blog usa como homenagem atrasada a todas as mamães.
CONSELHO DE MÃE...
José
Carlos Sebe Bom Meihy
Não sou do tipo que curte Facebook. Tenho minha conta, dou sempre uma olhadinha, mas nada obsessivo. Creio que desse mal não padeço. Sempre que estou em ônibus ou no metrô, quando me lembro, abro a caixa. Gosto muito de ver como andam os amigos e em particular ao ver fotos sinto conforto ao contemplar semblantes queridos, em particular de pessoas que pouco vejo. Insisto: tudo comedidamente. E faço esta referência porque, com sinceridade, fico impaciente com pessoas que olham aparelhos eletrônicos como se estivessem espiando a própria alma.
Aconteceu que no último dia das mães, adivinhando que
muitas pessoas postariam fotos de familiares, me dispus a passar mais tempo do
que costumeiramente. E valeu a pena. Fiquei muito emocionado ao ver fotos de
mães, avós, madrastas, de colegas, pessoas muito especiais em minha trajetória.
Muitas eram fotos antigas, fato que me enterneceu ainda mais. Explico-me: quase
sempre pessoas colocam cenas diárias, de acontecimentos sincrônicos aos envios.
No caso, a preocupação com buscas e o trabalho extra de colar imagens nos posts deu nova vida a tudo. Olhando as
fotos antigas, diria que a ternura dessa admiração me preparou para algo bem mais
profundo e criativo. Sou seguidor da amiga Célia Barros e de maneira cativante
ela convidava seus vinculados para um registro tocante: Cite uma frase de sua mãe. Primeiro, achei um primor a escolha
que fugia do lugar comum das citações feitas e dos clichês cabíveis,
simpáticos, mas repetitivos como se não houvesse mais nada a ser dito. Depois,
se me abriu uma enorme curiosidade para ver o que de nossas mães ficou
registrado em frases amorosas que guardamos. Nossa, imediatamente me
transportei para boas lembranças a fim de ver qual a frase de minha mãe ficou
cravada em minha memória. Antes, porém, “curti” tantas recordações de outros
seguidores. E não economizei lágrimas. Eticamente, não devo citar nomes de “filhos/autores”
que delicadamente homenagearam suas mamães com passagens capitais, mas me é
irresistível deixar de lado dizeres que esparramam afetos como “filho, procure
chegar mais cedo”; “Só faça aos outros aquilo que gostaria que te fizessem”;
“Não há nada como um dia após o outro”. Houve acessos bem emocionantes que
encerram todas as mensagens na certeza de algo como “eu te amo” ou “você é meu
tesouro”, mas não faltaram também clássicos como “Deus te abençoe” e nem
bronquinhas carinhosas do tipo “não ponha o pé no sofá”; “lave as mãos e venha
almoçar”; “endireita as costas, menina!!!”; “levanta menina, é hora de ir pra
escola”. Pitadas de filosofia materna deixaram traduzir ensinamentos do tipo
“Viva e deixe viver” ou “se perguntarem por mim, diga que está tudo bem” ou “sê
perfeita em tudo que fizeres”. Por certo, não poderiam faltar referências
divinas como “Não cai uma folha de uma árvore sem que Deus queira”, e nem
faltou mãe mais sofisticada que diria em francês “bonne novels, pas de novels”. Meditei muito para escolher dentre
tantas, uma frase que minha mãe repetia com olhar fixo em mim “cuidado meu
filho, a vida precisa dar certo”.
Se perfiladas as frases, poderíamos compor uma rapsódia
que dispensaria todos os compêndios de autoajuda. Poderíamos também pensar em
uma ladainha e nela em prece caberia dizer com devoção filial: ora pro nobis!
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