Implorei
Para Não Me cortarem o Braço’: albina revela o horrível momento em que uma
gangue decepou seu membro com um machado para vendê-lo no mercado negro
tanzaniano dos curandeiros.
Tradução: Roberto Rillo Bíscaro
Uma mulher com albinismo relatou a “dor indescritível”
que lhe sacudiu o corpo no momento que uma gangue decepou seu braço, porque
acreditavam que sua pele albina lhes traria riqueza e sorte.
Kulwa Lusana era adolescente quando os 5 homens a
renderam e atacaram-na com machados enquanto ela jazia em sua cama no noroeste
da Tanzânia. Eles esconderam seu braço em um de seus casacos e fugiram noite
adentro.
Pode parecer estranho, mas Kulwa teve sorte: ela é
mais uma na lista de centenas de vítimas do comércio doentio de partes de
corpos albinos, usados em poções por curandeiros para os ricos e poderosos. Nem
todos aqueles que se tornam alvo pela cor de sua pele escapam aos ataques.
Nos últimos seis meses, 15 pessoas com albinismo
foram mutiladas ou mortas, inclusive diversos bebês arrancados de seus lares.
É um
negócio lucrativo para quem está disposto a mutilar e assassinar: corpos
inteiros podem alcançar o preço de 50 mil libras e os membros alguns milhares,
fortunas para aqueles depravados o bastante para executar os horrendos
ataques.
E tem mais: a taxa de condenação para os capturados é ainda baixíssima,
significando que esse crime tenebroso apresenta relativamente baixo risco para
os envolvidos.
Kulwa foi atacada em 2011, enquanto dormia em sua cama no precário cômodo que
lhe servia de quarto. Sua irmã gêmea e o resto da família dormiam numa casa de
tijolos não muito longe – seguros atrás de portas trancadas.
Ela
contou à UNICEF: “eu tinha 15 quando aconteceu. 5 pessoas invadiram o quarto.
Eles me viram e já foram cortando meu braço. Nem consigo descrever a dor.”
Ela
revelou mais detalhes à ONG Under the Same
Sun (UTSS), logo após o ataque, enquanto se recuperava no hospital:
“Eu tentava esconder o pedaço que restava de meu braço debaixo das cobertas.
Implorei para que não me arrancassem o braço e gritava por socorro. Chamei meu
pai. Senti mais 2 golpes no ombro esquerdo e um na cabeça, enquanto tentava
escapar. Eles fugiram enquanto eu estava tentando correr para a casa de meu
pai.”
Seu braço
– como os membros de tantos outros albinos – devem ter sido levados a algum
curandeiro.
Jamai foi
provado para quem os feiticeiros vendem suas poções; nenhum comprador foi julgado
até agora, mas diz-se que estão dispostos aa pagar uma fortuna pelos
preparados.
Kulwa não
tem dúvidas sobre o que deveria acontecer aos homens que levaram seu braço,
caso fossem pegos: “Eles devem ser mortos do mesmo jeito que nos matam. “
A discriminação enfrentada por Kulwa começara muito antes de os homens
invadirem sua casa, a qual compartilhava com seus pais e irmãos. Muitos creem
que albinos trazem má sorte ou são “fantasmas”, tratados quase como cidadãos de
segunda classe por suas famílias.
“Meu pai não me matriculou em escola, porque tinha
medo de eu pegar insolação e desmaiar”, conta. Então, a história de suposto
cuidado parece tomar rumo preocupante. “Eu ficava em casa e ajudava no serviço,
como cozinhar, lavar a louça e roupas. Quando meus irmãos iam à escola, eu lhes
preparava o café da manhã e os uniformes. Esse era meu papel.”
O fato de ela estar dormindo em um cômodo precário
e adaptado, enquanto sua irmã – que não tem albinismo – dormia em casa é forte
indicativo de como seu pai a considerava.
Aos 19 anos, as coisas mudaram para Kulwa.
Depois de perder o braço, ela foi levada para uma
casa segura administrada pela UTSS, que trabalha para proteger os albinos
tanzanianos e mudar as crenças que cercam a cor da pele.
Graças a UTSS, Kulwa começou a educar-se e
tornou-se costureira. “Também aprendi a tricotar suéteres. Tudo isso com apenas
um braço.”
Ela espera começar seu próprio negócio de tricô e
seu sorriso demonstra quão orgulhosa está das habilidades adquiridas.
Vicky Ntema, da UTSS, disse para o MailOnline que
ainda há alguns obstáculo a transpor antes que ela alcance seu objetivo: “ela
seria mais competente com uma prótese, além de necessitar de máquinas de
costura e de tricô para abrir seu negócio ou trabalhar com outras mulheres”.
Kulwa está em segurança, mas há muitos que não, e,
além disso, haverá eleição em outubro, o que, segundo ativistas da causa
albina, coloca essas pessoas em grande risco.
Eleições são épocas perigosas para albinos, porque
alguns candidatos procurar levar vantagem sobre seus rivais servindo-se das
poções mágicas.
Governos estão começando a tomar medidas decisivas.
A polícia do Malawi recebeu ordens para atirar em qualquer um pego atacando
albinos. O Primeiro-Ministro da Tanzânia tem incentivado os cidadãos a matarem
aqueles de posse de partes de corpos de albinos.
No vizinho Burundi, jovens albinos de toda a África
Oriental estão sendo abrigados em alojamentos especiais sob proteção do
exército numa tentativa de deter os agressores.
Birgithe Lund Henriksen, chefe da proteção infantil
da UNICEF Tanzânia, que trabalha com o governo, agências da ONU na Tanzânia e
outras organizações, dá apoio a centros similares para crianças com albinismo,
“onde podem viver e frequentar a escola”.
“Essa, porém, não é a solução ideal para essas
crianças, frequentemente separadas de suas famílias e comunidades”, acrescenta.
“A curto prazo, considerado o risco, o mais importante é mantê-las em
segurança, mas a longo prazo a UNICEF trabalha para fortalecer o sistema de
proteção às crianças na Tanzânia, desde o nível governamental até o
comunitário.”
Para Kulwa, agora em segurança graças à UTSS, há
ainda uma coisa incomodando-a: ela não viu ninguém de sua família desde o
ataque.
“Se eu pudesse ver minha mãe novamente, seria tão feliz.
Tenho muita saudade dela. Na verdade, sinto falta de toda minha família”,,
desabafa.
http://www.dailymail.co.uk/news/article-3070662/Albino-woman-reveals-horrific-moment-gang-hacked-limb-machete-sell-Tanzanian-black-magic-witchdoctor.html
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