Roberto Rillo Bícaro
Filmes primariamente destinados ao público infantil não são
especialidade deste blog(ueiro), mas quando têm Lord Grantham no elenco não dá
pra escapar. Por isso, vi As Aventuras de Paddington, filme britânico do ano
passado, propagandeado como “dos mesmos produtores de Harry Potter” (como se me
importasse; vi só o primeiro HP e quase enlouqueci de tédio!). Transposição
pras telonas da personagem de livros infantis muito amada no país europeu, Paddington
é um ursinho ultraeducado, viciado em geleia (hábito preocupante, segundo seu
guardião humano) e bastante confuso, que veio das selvas peruanas em busca duma
família, depois que seu habitat é destruído por um terremoto.
Quando estreou nos livros, em 1958, a memória de órfãos
de guerra com plaquetas - procurando por uma família que os abrigassem - em
estações de trem inglesas estava fresca ainda. Nada tema quem não conhece o
ursinho ou o contexto anglo pós-guerra, porque o filme fornece rapidinho todas
as informações necessárias. Nem é preciso saber que Paddington já é personagem
velhinho, nem esse lance da guerra. Só mencionei pra ter resenha! Dá pra ver o
filme de boa, como produto independente. E é assim que tem de ser.
Ambientado numa Londres contemporânea bastante
estilizada, o filme nada traz de novidade no enredo: Paddington é adotado por
uma família, um dos membros inicialmente reluta, mas as confusões e a
afetuosidade do ursinho começam a fazer bem pras crianças. Claro que o mar de
rosas dura pouco, porque uma taxidermista-vilã (Nicole Kidman deliciosa de
dominatrix!) quer empalhar o urso-falante e o captura. Preciso dizer se
Paddington morre ou sobrevive? Criança parece gostar/necessitar de que lhe
assegurem vez e vez de que o bem vence o mal e existe ordem no mundo. E como culpa-los
por isso? Se até nós adultos gostamos/precisamos...
E como resistir a uma Londres colorida e com rumba cubana
tocada nas ruas; às pitadas de humor inglês do diálogo e de algumas situações
(empalhar animais antes de que sejam extintos); à mensagem de aceitação da
diversidade sem forçação de barra ou aula chata; ao elenco que tem Hugh Bonneville
e Julie Walters e a um ursinho de computação-gráfica que dá vontade de asfixiar
com abraços e beijos?
Não vi no YouTube, mas parece que tá completo e dublado,
se jogue e divirta-se!
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