Roberto Rillo Bíscaro
Em 1984, um barco pesqueiro afundou perto das ilhas
Westman, ao sul da Islândia. Contrariando as (im)probabilidades de
sobrevivência nas gélidas águas do Atlântico Norte, um marinheiro gorducho
nadou por 6 horas na escuridão hipotermizante, alcançou a praia pedregosa e,
descalço, caminhou sobre cortantes rochas vulcânicas e por mais 2 horas até
alcançar uma casa, onde uma ambulância foi chamada. O retraído Gulli tornou-se
celebridade instantânea e passageira, foi estudado por cientistas perplexos com
sua resistência fora no normal. Tudo sem compreender direito tanto paparico;
segundo ele, tudo o que fizera fora sobreviver, enquanto seus desafortunados
companheiros pereceram em uma fatalidade da arriscada profissão de pescador pra
alimentar a comunidade.
Robert Duvall certa feita afirmou que existe uma
infinidade de boas histórias de “gente comum” a serem filmadas. Não sei se o
diretor Baltasar Kormákur (de The Sea, resenhado aqui) leu essa entrevista, mas
inspirou-se nesse acontecimento pra filmar Djúpið (2012), que no Brasil foi lançado como Sobrevivente. O
filme evita qualquer tentação narrativa, interpretativa ou sonora de
transformar a história de Gulli em ação supra-humana dum cara acima da média. A
escolha tem como resultado desigualdade no ritmo. Ou nós que precisamos de
reeducação pra aprender a fruir narrativas menos bombásticas?
Os 3 atos
de Sobrevivente são cristalinamente bem delineados. A primeira parte lida com
os preparativos pra fatídica viagem e com os momentos pré-naufrágio. Em estilo
algo documental, faria bom par com Brim (resenhado aqui).
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