Roberto Rillo Bíscaro
Giorgio Moroder é um dos progenitores da música pop
contemporânea. Quando Brian Eno ouviu a disco music robotizada de I Feel Love, cantada por Donna Summer e produzida pelo
italiano, correu a mostrá-la a David Bowie, dizendo que era o som do futuro.
Não é pouca coisa ser respeitado por 2 figuras emblemáticas dos 70’s. O baixo
gordíssimo e os sintetizadores de Moroder influencia(ra)m meio mundo, de Blue
Monday, da New Order a faixas do mais recente trabalho da inglesa Little Boots.
Inventor da eurodance, eurodisco ou Italo Disco, dance, House, como queira chamá-la, Moroder ganhou Oscar com a pioneira trilha sonora
de Expresso da Meia Noite e passou parte dos anos 80 papando Grammys, Oscars e
produzindo hits. Pra citar algumas
faixas oitentistas dele: Call Me (Blondie), Together in Electric Dreams (Phil
Oakey), Take My Breath Away (Berlin) e as trilha sonoras de Flashdance e Footloose.
Pouco depois que a segunda metade dos 80’s começou,
Moroder se aposentou e foi viver em estilo, casando, tendo filho, construindo
apartamentos milionários em Dubai, jogando golfe e dirigindo carros caros. O
septuagenário achava que estava esquecido e com a missão cumprida até que os
franceses do Daft Punk convidaram-no prum depoimento no álbum Random Access
Memories; sucesso espatifante que encetou um revival total de disco music
e com isso a careira de Giorgio ascendeu novamente. Uma fila de gente como
Coldplay, Lana del Rey e Lady Gaga queria ser produzida pelo ex-bigodudo, que
também passou a discotecar pra 30 mil pessoas.
Convém escutar a produção setentista de GM pra perceber
sua importância pra sonoridade atual. Saca só este tributo:
Ele deixou o bigode crescer novamente e lançou trabalho
em junho. Dèjá Vu merecidamente encabeçou a lista de mais vendidos da Billboard
na categoria dance/electronic. Não
traz novidade (e nem precisa com o CV do cara!), mas, apesar de ter os
elementos que elevaram Giorgio à categoria de divindade pop não soa datado,
como se produzido no auge de seus 30 e poucos anos.
A dúzia de canções divide-se entre instrumentais, como 4
U With Love, La Disco e 74 Is the New 24, onde os vocais manipulados (será que
dele?) e o baixão poderoso remetem a clássicos como o álbum postado acima. Mas,
esses elementos estão imersos em sonoridade bastante atual. As canções com
vocal trazem convidados de peso, como Sia, cantando a infecciosa faixa-título,
com seu vocal mistura de Amy Winehouse com Eartha Kitt, que dá vontade de sair
pulando como se ouvíssemos uma faixa da trilha de Flashdance. Kylie Minogue é
viagra natural em Rigth Here, Right Now: há tempos faixa tão sexy não
despontava. Electrofunk com baixo e guitarrinha inquietos e fogosos. Toda vez
que La Minogue canta “till the skies ain’t blue”, alguém goza. Britney Spears
nada acrescenta a Tom’s Diner, mas daí, ela já acrescentou algo a alguma coisa?
O teclado de Don’t Let Go e a interpretação de Miky Ekko (quem?) levam
diretamente à Italo Dance de meados dos 80s.
Não há faixa fraca ou chata em Dèjá Vu; retorno do Mestre
em plena forma e charme. Junto com o Kraftwerk (que GM sempre diminui quando
pode), ele é responsável por muito do que amamos ainda hoje. Não haveria
Skrilex ou Hot Chip sem esses europeus. Só por isso, esse álbum deveria ser
ouvido.
Colcaram essa delicinha cremosa no Youtube, obaaaa!
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