Roberto Rillo Bíscaro
No final dos anos 70, a imprensa sensacionalista
britânica divulgou suposto caso de ataque fantasma a uma família suburbana na
Grande Londres. O caso ficou conhecido como The Enfield Poltergeist e até hoje
há quem jure que muito não passou de armação de 2 adolescentes. Em maio, o Sky
Living exibiu produção própria de 3 capítulos sobre o caso. Pra fãs de TV
inglesa é ótimo notar que o canal começa a oferecer programas seus, de
qualidade, pra somar às consagradas produções da BBC e da ITV.
The Enfield Haunting foi dirigida por Kristoffer Nyholm,
de Forbrydelsen (o que tenho afirmado sobre Nordic Noir ser tendência?) e não
deixa a tradição britânica de boas histórias de assombração arrefecer. Mesmo
que seja contada por um danês, mas
isso é detalhe.
2
adolescentes, cujo pai se mandara recentemente e agora vivem apenas com a mãe
que se desdobra pra dar conta do recado, começam a relatar apavoradas,
fenômenos inexplicáveis e logo percebemos que o foco é a mais nova, Janet
(Eleanor Worthington Cox, prestemos atenção a essa atriz de 13 anos que já
faturou até prêmio no prestigioso West End londrino). Cômodas arrasando-se sozinhas,
aparições no espelho e vozes distorcidas de capeta passam a fazer parte do
cotidiano da casa simples, o que torna o horror mais intenso, porque pode
acontecer a qualquer de nós e não apenas em góticas casas enormes.
2
investigadores de casos paranormais entram em cena: um cético; outro, pronto a
acreditar, até porque Janet era o nome de sua filha morta num acidente de moto.
Mas, isso não comprometeria a pretensa “imparcialidade” que deveria ser
mantida? Será que o angínico senhor destruído pelo passamento da filha não
seria o imã pro poltergeist? Ou seria a fragilidade emocional da família
Hodgson a facilitadora pro ataque da legião do mal?
Qualquer
que seja a resposta – assista e descubra! – The Enfield Haunting diverte e
assusta com cortinas tentando estrangular, gente sendo atirada contra o teto,
meninas sacudindo de camisolinha na cama (ah, esse fetiche exorcista desses
demônios pedófilos, viu!), blasfémias e inúmeras menções a Brasil, porque um
dos investigadores recentemente estivera no estado de São Paulo estudando um
caso. Ele até cita o nome da cidade, mas esqueci.
O durante é muito melhor que a conclusão, mas
The Enfield Haunting pode se sair com a desculpa de que foi baseado em fatos.
Isto posto, basta apagar a luz e arrepiar-se com essa competente minissérie.
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