terça-feira, 25 de agosto de 2015

TELINHA QUENTE 174

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Roberto Rillo Bíscaro

Melrose Place estava em alta em 1994, então os produtores Aaron Spelling e E. Duke Vincent botaram um spin off no ar, na mesma Fox de Melrose.
Como o casal Anderson, Spelling é daqueles nomes que lemos em tantos shows, que decoramos. As Panteras, Barrados no Baile, Casal 20, S.W.A.T., Starsky e Hutch, Dynasty, A Ilha da Fantasia. Quem viveu os anos 70-90 não evitava o sobrenome Spelling caso assistisse à televisão.
Os 90’s viveram sob o feitiço das top models, tipo Claudia, Linda, Cindy e Naomi (não vai dizer que preciso pôr os sobrenomes!?), então, por que não reunir gente jovem e linda numa agência de modelos capitaneada por uma ex-estrela de soap clássica oitentista?
Models Inc (1994) tinha tudo pra dar certo. Só que não. Mesmo. Naufragou fragorosa e merecidamente.
A mãe de Amanda Woodward, Hillary Michaels (Linda Grey, a Sue Ellen, de DALLAS) tem uma pequena agência de modelos e mantém uma casa na praia pras meninas, porque elas são “família” pra ela. Truque pra reunir as personagens num local, como Southfork, em DALLAS. Soap usa muito o recurso de botar os personagens juntos e mostrar baixaria, por isso, jantares, casamentos e até velórios são avidamente aguardados por fãs; sabemos que rolará barraco!
A premissa pro dramalhão de Models Inc é a vida dessas meninas lindas e seus namorados lindos. Só que todos eram “atores” muito ruins, mesmo pros não tão elevados padrões dos novelões dos 80’s/90’s.
Personagens de soaps são perfeitos idiotas unidimensionais, então há que ter alguma qualidade ou defeito que nos faça amá-los/odiá-los. Quando JR aparecia, devia haver gente que tinha vontade de meter-lhe a mão na fuça. Victoria Grayson - embora duma geração de personagens um bocadinho mais complexa, mas só um tiquinho – era muito bem interpretada e a personagem genuinamente divertida. Amanda Woodward falava as linhas mais estúpidas de texto com propriedade e carisma.
As personagens e “atores” de Models Inc não possuem nada disso. Não sabemos quem é bonzinho ou malzinho. Parece que a queridinha deveria ser Sarah, versão noventista de Charlene Tilton, mas logo ela começa a beber e é tão horrível como atriz que nem dá pra empatizar.
O primeiro capítulo termina com um assassinato, mas como não tivéramos tempo de conhecer Terry essa sub-trama não interessou. No enterro, uma baixaria bizarra à Melrose: sai uma briga e o caixão cai, abre e a mão de Terry aparece. Depois disso, nenhuma podreira mais. Se Melrose tinha tantas, pra que perder tempo com as bobocas de Models Inc? Aborto, estupro, alcoolismo, filhos dados pra adoção e redescobertos, yeah yeah, yeah; ritual de lo habitual em soaps, mas feito sem emoção e ainda por cima com o pior de Melrose: aquela atroz música incidental de guitarras e sax. Há momentos que soa como Kenny G encontrando Enigma. Treva!
Spelling e Vincent, lá pelo meio da temporada única, tentaram algo que funcionara lindamente em Dynasty; na verdade, o que fez de Dynasty o clássico inegável no gênero. Se a audiência está baixa, que tal botar uma vilã inglesa morena e de cabelão? Se dera certo com Alexis Morell Carrington Colby Dexter Rowan, por que não em Models Inc? Se tiver nome incomum, melhor. Entra Grayson e nada acontece, nada melhora. E Emma Sams (a segunda Fallon, de Dynasty) nunca foi Joan Collins.
Lembro que a Globo passou a série depois da Sessão da Tarde; não sei se os 29 capítulos, porém. Só recomendo se você, como eu, for ultrafã da Linda Gray ou da Trinity, de Matrix (não o meu caso, porque Carrie-Ann Moss está ruim como o resto do elenco, inclusive Gray, que nunca foi grande atriz, mas foi Sue Ellen Ewing).

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