terça-feira, 1 de setembro de 2015

TELINHA QUENTE 175

Roberto Rillo Bíscaro

No início de junho, a Netflix colocou no ar os 12 episódios da primeira temporada de Sense8, criada pelos idealizadores de Matrix. Indicada por um amigo recente e alinhada com meu gosto por ficção-científica e interesse por produções de plataformas novas como Netflix (House of Cards) e Amazon (Transparent; Grace and Frankie), passei a série na frente da quilométrica fila que tenho em HDs. A policulturalidade/localidade também contou pra essa decisão, que, se não errônea, também não entusiasmou tanto.
Os sensate possuem conexão jamais claramente explicada. Essa ligação permite que compartilhem emoções e habilidades, comuniquem-se e até interajam mesmo habitando locais tão díspares como Quênia, Inglaterra, Coreia do Sul ou EUA. Assim, quando a transexual de San Francisco está em perigo, o policial de Chicago transfere a ela sua habilidade em violar algemas; quando o moço em Nairóbi está em apuros, a lutadora coreana pode ajudá-lo na briga e até pode rolar uma suruba com o ator mexicano gay.
O conceito é realmente interessante, resultando em cenas e situações lindas, instigantes e inteligentes. As histórias individuais de cada um dos 8 sense8 variam em nível de interesse, mas são dramas com os quais podemos nos identificar.
O problema é que fica tudo muito no ar. As perguntas abundam: mas, só de uma hora pra outra – já meio tardinho na vida, né bebé? – eles começam a perceber a manifestação desses poderes? Por que os caçadores de sensates não começaram a caçá-los antes? A própria opção por não explicar muitas coisas resulta em interesse morno na maior parte da série. A gente demora pra se importar com a DJ islandesa que vive em Londres e, quando conhecemos sua terrível história, nem o incrível cenário da ilha de Bjork salva o anticlímax final.

Não diria que foi perda de tempo, mas Sense8 é mais fama e expectativa do que cumprimento e satisfação desta última. Com o volume de ofertas de séries, fica a dúvida se verei futuras temporadas. Passar na frente da fila já está claro que não vai rolar. 

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