Roberto Rillo Bíscaro
No início de junho, a Netflix colocou no ar os 12
episódios da primeira temporada de Sense8, criada pelos idealizadores de
Matrix. Indicada por um amigo recente e alinhada com meu gosto por
ficção-científica e interesse por produções de plataformas novas como Netflix
(House of Cards) e Amazon (Transparent; Grace and Frankie), passei a série na
frente da quilométrica fila que tenho em HDs. A policulturalidade/localidade
também contou pra essa decisão, que, se não errônea, também não entusiasmou
tanto.
Os sensate
possuem conexão jamais claramente explicada. Essa ligação permite que
compartilhem emoções e habilidades, comuniquem-se e até interajam mesmo
habitando locais tão díspares como Quênia, Inglaterra, Coreia do Sul ou EUA.
Assim, quando a transexual de San Francisco está em perigo, o policial de
Chicago transfere a ela sua habilidade em violar algemas; quando o moço em
Nairóbi está em apuros, a lutadora coreana pode ajudá-lo na briga e até pode
rolar uma suruba com o ator mexicano gay.
O conceito é realmente interessante, resultando em cenas
e situações lindas, instigantes e inteligentes. As histórias individuais de
cada um dos 8 sense8 variam em nível
de interesse, mas são dramas com os quais podemos nos identificar.
O problema é que fica tudo muito no ar. As perguntas
abundam: mas, só de uma hora pra outra – já meio tardinho na vida, né bebé? –
eles começam a perceber a manifestação desses poderes? Por que os caçadores de
sensates não começaram a caçá-los antes? A própria opção por não explicar muitas
coisas resulta em interesse morno na maior parte da série. A gente demora pra
se importar com a DJ islandesa que vive em Londres e, quando conhecemos sua
terrível história, nem o incrível cenário da ilha de Bjork salva o anticlímax
final.
Não diria que foi perda de tempo, mas Sense8 é mais fama
e expectativa do que cumprimento e satisfação desta última. Com o volume de
ofertas de séries, fica a dúvida se verei futuras temporadas. Passar na frente
da fila já está claro que não vai rolar.
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