Roberto Rillo Bíscaro
Assim como minha geração se encanta garimpando pérolas B
dos anos 50/60 com seus filmes de monstros atômicos e animais ensandecidos, a
moçada do futuro terá fartas minas nesse início de século 21, quando a produção
pra cine e TV é zilhões de vezes maior, há muitos centros de produção e não
falta talento pra produzir podreiras de praticamente qualquer
sub-sub-sub-gênero imaginável.
Um desses nichos é o de filmes sobre tubarões, essas
simpatias que não saíram da moda desde o de Spielberg. Parcialmente
responsáveis pela má reputação do pobre animal, as produções tubarônicas
abundam e foram temas de pelo menos 2 postagens (aqui e aqui) uma, inclusive,
dum tubarão albino; sem contar a do desenho do Tutubarão, fofurizando o peixão.
Se eu fosse seguir a produção, teria que ter visto Sharktopus, Sharktopus vs.
Pteracuda e mais.
A computação gráfica fez esses filmes serem bem baratos,
por isso a TV é a grande responsável por essa rede de tubarões mutantes
insanos. O canal Syfy e a produtora The
Asylum são os culpados por Sharknado (2013), que enrolei pra ver, mas me rendi:
como escapar dum cult instantâneo? Um megaciclone transporta milhares de
tubarões pros esgotos e piscinas da Califórnia e os bichões literalmente caem
do céu, daí a mistura de shark (tubarão) com tornado.
Tudo é tão ruim que se torna divertido. Pra curtir
Sharkando você não deve se preocupar com detalhes do tipo: como tubarões
sobrevivem tanto tempo fora d’água? Com podem nadar numa sala de estar na qual
os personagens conseguem andar com a água batendo nos joelhos? Como em uma cena
o céu está carregadíssimo e os protagonistas em desespero e na seguinte esses
mesmos desesperados estão sob céu ensolarado com a vida em Los Angeles
transcorrendo tranquilamente? Mas, na verdade, quem aceita assistir a um filme
chamado SHARKNADO nem deveria cogitar tais perguntas.
O negócio é reunir amigos, pegar pipoca e cerveja e gargalhar.
E ver John Heard, excelente e premiado veterano, ganhando uns trocados pra
garantir a aposentadora “interpretando” um bêbado que logo é eliminado. Sorte
dele.
Em 2014, houve sequela, dessa vez com um tornado de
tubarões atingindo Nova York. Kelly Osbourne e diversas (sub-) celebridades
nova-iorquinas fizeram ponta, mas a piada perdera a graça. E um terceiro
sharknado, agora em DC, atingiria as telinhas ianques, em julho, mas sequer
confirmei no IMDB se houve mesmo exibição. Síndrome de tubarão: a gente vê,
devora e parte pra outra. Sharknado é passado, quero novidade.
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