terça-feira, 29 de setembro de 2015

TELINHA QUENTE 179

Roberto Rillo Bíscaro

Assim como minha geração se encanta garimpando pérolas B dos anos 50/60 com seus filmes de monstros atômicos e animais ensandecidos, a moçada do futuro terá fartas minas nesse início de século 21, quando a produção pra cine e TV é zilhões de vezes maior, há muitos centros de produção e não falta talento pra produzir podreiras de praticamente qualquer sub-sub-sub-gênero imaginável.
Um desses nichos é o de filmes sobre tubarões, essas simpatias que não saíram da moda desde o de Spielberg. Parcialmente responsáveis pela má reputação do pobre animal, as produções tubarônicas abundam e foram temas de pelo menos 2 postagens (aqui e aqui) uma, inclusive, dum tubarão albino; sem contar a do desenho do Tutubarão, fofurizando o peixão. Se eu fosse seguir a produção, teria que ter visto Sharktopus, Sharktopus vs. Pteracuda e mais.
A computação gráfica fez esses filmes serem bem baratos, por isso a TV é a grande responsável por essa rede de tubarões mutantes insanos.  O canal Syfy e a produtora The Asylum são os culpados por Sharknado (2013), que enrolei pra ver, mas me rendi: como escapar dum cult instantâneo? Um megaciclone transporta milhares de tubarões pros esgotos e piscinas da Califórnia e os bichões literalmente caem do céu, daí a mistura de shark (tubarão) com tornado.
Tudo é tão ruim que se torna divertido. Pra curtir Sharkando você não deve se preocupar com detalhes do tipo: como tubarões sobrevivem tanto tempo fora d’água? Com podem nadar numa sala de estar na qual os personagens conseguem andar com a água batendo nos joelhos? Como em uma cena o céu está carregadíssimo e os protagonistas em desespero e na seguinte esses mesmos desesperados estão sob céu ensolarado com a vida em Los Angeles transcorrendo tranquilamente? Mas, na verdade, quem aceita assistir a um filme chamado SHARKNADO nem deveria cogitar tais perguntas.
O negócio é reunir amigos, pegar pipoca e cerveja e gargalhar. E ver John Heard, excelente e premiado veterano, ganhando uns trocados pra garantir a aposentadora “interpretando” um bêbado que logo é eliminado. Sorte dele.
Em 2014, houve sequela, dessa vez com um tornado de tubarões atingindo Nova York. Kelly Osbourne e diversas (sub-) celebridades nova-iorquinas fizeram ponta, mas a piada perdera a graça. E um terceiro sharknado, agora em DC, atingiria as telinhas ianques, em julho, mas sequer confirmei no IMDB se houve mesmo exibição. Síndrome de tubarão: a gente vê, devora e parte pra outra. Sharknado é passado, quero novidade. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário