40 indivíduos detidos por “caça” de albinos em Nampula mas nenhum deles foi julgado
A Polícia da República de Moçambique (PRM) em Nampula continua no encalço de indivíduos ou grupos que são suspeitos de raptar pessoas com albinismo e, na pior das hipóteses, de matá-los para fins ainda não descortinados. Nesta altura, pelos menos 40 cidadãos estão privados de liberdade em diferentes celas daquela parcela do país. Porém, até ao momento não se conhece nenhum caso julgado para que se esclareça, quiçá, o que está por detrás deste mal.
Dos detidos em conexão com o crime em alusão, mais de vinte processos-crimes foram instaurados pela Procuradoria Provincial, que espera em breve julgar as pessoas implicadas.
Os casos mais recentes de rapto e assassinato de pessoas com albinismo em Nampula ocorreram nos distritos de Murrupula, onde dois adolescentes desapareceram do convívio familiar, e Ribáuè, onde uma jovem foi assassinada por indivíduos ainda a monte, bem como em Malema, onde uma petiza de quatro anos foi sequestrada na semana finda.
Já no distrito de Larde, concretamente em Topuito, um grupo de sete indivíduos foi neutralizado por ter morto, no passado dia 17 de Setembro, um enfermeiro, também com a falta de pigmentação na pele, nos, olhos, nos cabelos e nos pêlos.
Um dos detidos é familiar da vítima. Aliás, segundo o Ministério Público, em mais de 80 porcento dos casos há participação activa dos familiares directos.
Estes dados foram revelados por Cristóvão Mondlane, Procurador provincial de Nampula, aquando do encontro extraordinário da Task Force, uma agremiação criada para combater o tráfico de seres humanos, havido na quarta-feira (30), na cidade capital daquela província.
O encontro contou com a presença de Anabela Chuquela, Procuradora-Geral Adjunta, membros do governo local, organizações da Sociedade Civil e a associação Amor à Vida.
Anabela Chuquela pediu para que a Task Force encontre meios de cooperar com a vizinha Tanzânia, presumível destino das vítimas, seguindo o exemplo da MAPULO, um organismo da República da África do Sul, no sentido de combater o mal.
Denardina Amisse, da Associação Amor à Vida, lamentou o facto de as autoridades policiais não darem a atenção necessária aos pedidos de protecção daquele grupo. Ela revelou ao @Verdade que a sua organização solicitou por várias vezes um encontro com o Comando Provincial da PRM para discutir possíveis soluções que possam travar o problema, mas sem sucesso.
Entretanto, o comandante-geral da PRM, Jorge Khalau, escalou Nampula, em particular os distritos mais afectados pelos sequestros e assassinatos, com destaque para os albinos, para tranquilizar a população e explicar que se está a trabalhar para se estancar a situação. Em Moma, Khalau ordenou a apresentação em público dos detidos em conexão com este tipo de crimes.
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