Adolescente Albina é
Atacada e Tem Partes “Mágicas” de Seu Corpo Arrancadas
(Tradução: Roberto Rillo
Bíscaro)
Bibiana Mashamba gota de dançar, correr e
pular... coisas que qualquer adolescente saudável gosta. Entretanto, aos 16
anos, tudo isso passou para segundo plano, enquanto luta para seguir adiante após
um ataque impiedoso, que quase tirou-lhe a vida.
“Às 11 da noite, ladrões entraram no
quarto”, contou Mashamba, recordando o dia terrível, há 6 anos, perto da cidade
de Mwanza, em seu país natal, a Tanzânia. Os larápios queriam algo muito mais
valioso do que joias ou eletrônicos. Queriam os ossos da adolescente nascida
com albinismo.
Partes de corpos albinos são muito
procuradas em alguns países africanos, onde alguns creem erroneamente que elas
trazem riqueza e boa sorte. Os agressores cortam-lhes as extremidades,
extraem-lhes órgãos e os vendem a feiticeiros. No caso de Mashamba, conseguiram
o queriam. Cortaram sua perna direita, dois dedos e tentaram decepar a perna
esquerda, mas evadiram-se antes de chegar ao osso.
Dopada
Antes do Ataque
Mashamba contou que no começo não entendeu
o que se passava. Quem quer que a atacou, drogara-a enquanto dormia. No quarto
também estavam sua irmã e prima, a qual acordou a tempo de ver o sangue e os
ladrões. Ela gritou e os adultos vieram.
“Fiquei 10 meses no hospital”, conta
Mashamba, mostrando seu largo sorriso pela primeira vez durante a entrevista. “Doeu
demais.”
Obra
do Diabo
A adolescente pode não saber quem a
atacou, mas sabe o porquê. Ela foi caçada e picotada devido a cor de sua pele,
branca e rígida, além de seu cabelo loiro, que atraem o pior tipo de atenção em
seu país. A crença, propagada pelos bruxos, de que os ossos das pessoas com
albinismo são mágicos e trazem riqueza, propagou-se pela África Oriental.
“Esses feiticeiros são mentirosos”,
reclama ela. “Como alguém poderia enriquecer com meus ossos? Não sou rica e
tenho esses ossos! Isso é obra do diabo”.
Nos Estados Unidos, aproximadamente uma
em cada 20.000 pessoas tem algum tipo de albinismo. Em alguns países da África
Oriental, todavia, como a Tanzânia, o número pode reduzir para 1.500.
Incrivelmente
Impiedosos
O Alto Comissariado da ONU para os
direitos humanos afirma que neste ano as pessoas com albinismo sofreram aumento
de ataques violentos na África Oriental. “Esses ataques frequentemente são incrivelmente
impiedosos, diz Zeid Ra'ad Al Hussein em um comunicado. “Por isso, muitas
pessoas com albinismo vivem com muito medo. Alguns já não se atrevem a siar na
rua e as crianças com albinismo deixaram de frequentar a escola, devido à
recente onda de ataques, assassinatos e sequestros".
Mashamba e sua irmã, Tindi, sabem disso
por experiência própria. Durante toda a vida, têm suportado gracejos por serem
albinas. Elas viviam com um casal de tios, que as alojaram depois que seus pais
faleceram. Mas, depois de receberem alta do hospital, decidiram que não era
seguro voltar para casa. “Se voltar a minha aldeia, talvez me matem”, desabafa Mashamba.
O político tanzaniano Al-Shymaa Kway-Geer
conheceu a história e as acolheu. O primeiro albino a ocupar um cargo no país converteu-se
em seu novo cuidador.
Prótese
Arcaica
Emobra Mashamba tenha lugar seguro para
viver em Dar es Salaam, sua vida estava longe de ser o que havia sonhado. A
prótese que lhe deram era defasada. Era impossível dançar, pular e correr. Até
andar à escola tornara-se doloroso. Às vezes, ela tropeçava e caia quando tinha
que subir em algo. Mesmo assim, ela queria estudar. “Adoro matemática, ciências
e inglês. Gosto muito de História. Amo tudo”.
Aos 16 anos teve outra surpresa que lhe
mudaria a vida.
Intervenção de Estranhos
A African
Millennium Foundation, dirigida por Malena Ruth, financiou uma
viagem das irmãs aos EUA, para que Mashamba pudesse receber melhores cuidados e
a ais recente tecnologia para amputados.
“Ela me ensinou muito. Ensinou o que é
coragem e dignidade” emociona-se Ruth, que se tornou guardiã das meninas
enquanto Mashamba recebe fisioterapia para se adaptar à nova prótese que
recebeu do Instituto Ortopédico para Crianças, em Los Angeles. “Foi uma
tragédia horrível, pela qual nenhuma criança deveria passar”.
O Dr. Anthony Scaduto, que atende no
Instituto, complementa: “desgraçadamente, essa tragédia estendeu-se muito além
daquela noite horrível, já que algumas pessoas realmente queriam ajudá-la, mas não
dispunham dos cuidados coordenados de que ela necessitava.”
Com sua prótese moderna e fisioterapia, Mashamba
pode desfrutar de algumas das liberdades físicas ansiadas.
As irmãs estão decididas a usar seu
trauma para construir seu futuro. “Quero ser médica para curar os ossos de
outras crianças”, sorri Mashamba.
Tindi, que abomina o sofrimento pelo qual
sua irmã passou, tem outros planos: “Quero ser juíza no meu país, para poder
castigar as pessoas que machuquem outras.”
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