terça-feira, 20 de outubro de 2015

TELINHA QUENTE 182

Roberto Rillo Bíscaro

Em 1996, slasher films estavam em baixa, depois do tsunami oitentista. Mas, em 96, Pânico revigorou o sub-gênero com suas personagens conscientes dos mecanismos narrativos slice’n’dice. Essa esperteza não evitou que fossem mortos, tornando-os ainda mais imbecis que seus colegas da década anterior, que morriam sem saber dos perigos e como evitá-los. Demorei anos pra ver Scream, mas quando vi gostei, embora mortes apenas com faca me entediem; admito que curti o bafejo pós-moderno de pseudo-desmonte de paradigmas.
O fato de amar slashers e a morte do diretor Wes Craven, no declínio de agosto influenciaram bastante em eu ter passado a série Scream (2015) na frente da longa fila. A MTV acertadamente não se esforçou pra abandonar o legado/estilo do filme. Isso não significou, porém, que Pânico – a Série tenha sido boa.
Numa cidadezinha, jovens começam a aparecer mortos e uma jovem “inocente” (mocinha de slahser hoje transa) é o centro delas, porque vem recebendo chamadas e mensagens dum maluco que lhe propõe jogos, de cujos resultados dependerão as vidas de seus amigos e familiares. Além disso, sua mãe envolvera-se com Brandon Sei-Lá-Quem na infância/adolescência e o menino deformado fora morto pela polícia. Será ele que retornou buscando vingança?
A sinopse torna a história muito mais interessante do que é; vi muitos slashers de hora e vinte com mais mortes do que essa série, que poderia tranquilamente ter 5 capítulos; a maior parte do tempo é trololó.
Logo no início, Noah – o geniozinho que tudo entende de computadores e convenções de filmes/séries – afirma ser impossível fazer uma série slasher, então, a finalidade do roteiro é desmentir isso, provando que é fodão. Apesar da enciclopédia de referências despejada por ele nos 10 episódios, um detalhe é “esquecido”. Já houve série-slasher, Harper´s Island, resenhada aqui.
Scream acaba sendo novelinha teen com algum suspense, poucas mortes (umas 2 legais apenas), um assassino que dá pra prever com bastante segurança na metade (conjecturei 2 personagens e deu certo: uma é a assassina e a outra provavelmente será a da segunda temporada).
Nos filmes slasher, o pouco tempo de “convívio” com e a estereotipificação estúpida da maioria das personagens meio que nos tira o sentimento de culpa de ver uma produção onde sabemos que serão barbarizados. Na série, temos mais tempo de empatizar mesmo com as personagens mais “antipáticas”, que realmente inexistem em Scream, porque são teens com tiradas divertidas (e como teclam rápido com ambas as mãos nos smartphones, por Deus, será de verdade?) e alguma qualidade redentora. Com não amar Noah ou mesmo não torcer pela morte da patricinha (ainda se usa esse termo?) Brooke, que, no fundo, descobrimos ter um coração e problemas sérios em casa? Tudo isso noveliza demais Scream, aguando o slasher.
Veja Harper’s Island; é muito mais legal!

Um comentário:

  1. isso tudo é o que a faz não ser um slasher, ja Harper's Island, é só clichê, um mistureba total!

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