Roberto Rillo Bíscaro
Em 1996, slasher films estavam em baixa, depois do tsunami oitentista. Mas, em 96, Pânico
revigorou o sub-gênero com suas personagens conscientes dos mecanismos
narrativos slice’n’dice. Essa
esperteza não evitou que fossem mortos, tornando-os ainda mais imbecis que seus
colegas da década anterior, que morriam sem saber dos perigos e como evitá-los.
Demorei anos pra ver Scream, mas quando vi gostei, embora mortes apenas com
faca me entediem; admito que curti o bafejo pós-moderno de pseudo-desmonte de
paradigmas.
O fato de amar slashers
e a morte do diretor Wes Craven, no declínio de agosto influenciaram bastante
em eu ter passado a série Scream (2015) na frente da longa fila. A MTV
acertadamente não se esforçou pra abandonar o legado/estilo do filme. Isso não
significou, porém, que Pânico – a Série tenha sido boa.
Numa cidadezinha, jovens começam a aparecer mortos e uma
jovem “inocente” (mocinha de slahser hoje transa) é o centro delas, porque vem
recebendo chamadas e mensagens dum maluco que lhe propõe jogos, de cujos
resultados dependerão as vidas de seus amigos e familiares. Além disso, sua mãe
envolvera-se com Brandon Sei-Lá-Quem na infância/adolescência e o menino
deformado fora morto pela polícia. Será ele que retornou buscando vingança?
A sinopse torna a história muito mais interessante do que
é; vi muitos slashers de hora e vinte com mais mortes do que essa série, que
poderia tranquilamente ter 5 capítulos; a maior parte do tempo é trololó.
Logo no início, Noah – o geniozinho que tudo entende de
computadores e convenções de filmes/séries – afirma ser impossível fazer uma
série slasher, então, a finalidade do
roteiro é desmentir isso, provando que é fodão. Apesar da enciclopédia de
referências despejada por ele nos 10 episódios, um detalhe é “esquecido”. Já
houve série-slasher, Harper´s Island, resenhada aqui.
Scream acaba sendo novelinha teen com algum suspense, poucas mortes (umas 2 legais apenas), um
assassino que dá pra prever com bastante segurança na metade (conjecturei 2
personagens e deu certo: uma é a assassina e a outra provavelmente será a da
segunda temporada).
Nos filmes slasher,
o pouco tempo de “convívio” com e a estereotipificação estúpida da maioria
das personagens meio que nos tira o sentimento de culpa de ver uma produção
onde sabemos que serão barbarizados. Na série, temos mais tempo de empatizar
mesmo com as personagens mais “antipáticas”, que realmente inexistem em Scream,
porque são teens com tiradas divertidas (e como teclam rápido com ambas as mãos
nos smartphones, por Deus, será de
verdade?) e alguma qualidade redentora. Com não amar Noah ou mesmo não torcer
pela morte da patricinha (ainda se usa esse termo?) Brooke, que, no fundo, descobrimos
ter um coração e problemas sérios em casa? Tudo isso noveliza demais Scream,
aguando o slasher.
Veja Harper’s Island; é muito mais legal!
isso tudo é o que a faz não ser um slasher, ja Harper's Island, é só clichê, um mistureba total!
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