Roberto Rillo Bíscaro
Ano passado, resenhei a minissérie islandesa O Penhasco.
Como 2015 está sendo marcado por filmes e até viagem ao país, vi 2 das 3
temporadas de Pressa (2007-12). Assim que/Se a terceira cruzar minha reta, assistirei-a
com interesse.
A divorciada Lara consegue emprego num tabloide (Pressa
significa Imprensa). No começo é criticada pelo pai e pelo ex-marido, por
trabalhar na imprensa marrom. Lara também tem que lidar com a filha gordinha
que sofre bullying, com quem deixá-la enquanto corre de lá pra cá, com o
ex-marido irresponsável e autocentrado. Mas, o filão de Pressa é a história
policial que envolve o desaparecimento e possível morte do marido duma famosa
apresentadora de TV, que pouco a pouco desenvolve-se em escândalo com
ramificações financeiras e desfecho convincente.
Pressa tem sub-tramas, como o caso de pedofilia, não
aproveitadas a contento; maior defeito da primeira temporada. A discussão ética
sobre o papel dos tabloides também não interessa aos escritores e o desfecho
até indica que não são tão nocivos, afinal. Será? Mas a proposta é ser série
policial, não drama social, então não se pode usar isso contra Pressa.
Filmada com câmara móvel e editada de modo a dar a
Reikjavik e à redação do jornal aspecto de locais onde tudo acontece aceleradamente
– o tráfego em Reikjavik sempre mostrado em imagem acelerada – Pressa tem
desvios que poderiam ser enxugados, nem todas as interpretações são boas (dá
pra perceber mesmo não se falando islandês) e, claro, tem produção bastante
modesta.
Mas, isso não deveria desanimar telespectadores mais
curiosos e pesquisadores de conhecer um pouco que seja da TV da Islândia, até
pra fugir das produções que mostram apenas os cenários espetaculares da
natureza da ilha. Pressa é eminentemente urbana e vai aos terrenos baldios de
Reikjavik.
Muito do exposto sobre a primeira vale pra segunda meia
dúzia de capítulos, que traz história(s) independente(s) da temporada inicial.
Lara enfrenta crise matrimonial com o novo marido, que, desempregado, quer
emigrar pro Canadá. A jornalista também é condenada a pagar danos morais a uma
mulher sobre quem escrevera uma matéria. Necessitando de 800 mil coroas, o
editor do Post recusa-se a ajuda-la e justamente aí, Lara recebe proposta de free lance dum ricaço envolvido no negócio
do petróleo, mas também suspeito de ser estuprador serial, além de matar as vítimas.
A série abre com uma mulher encontrada enforcada por um garoto num playground. No meio dessa espinha
dorsal, há a sub-trama da gangue de motoqueiros, parte mais débil dessa
temporada, porque algumas ações dos malfeitores são inverossímeis. Vale pela
presença (sub-aproveitada) do dinamarquês Bjarne Henriksen, porém.
Novamente, discussões éticas como a encruzilhada moral de
Lara são evitadas e é interessante notar como os roteiristas procuraram elevar
o status do outrora tabloideiro Post, contrapondo-o a um novo concorrente,
criado aliás, superssonicamente! Outro defeito da segunda temporada é a
marcação de tempo e sua passagem às vezes dão saltos ou as coisas parecem
ocorrer demasiadamente rápidas. Será que depois da quebra financeira da Islândia
– que ainda não ocorrera quando da temporada 1 – alguém montaria uma estrutura
tão grande como o jornal competidor em aparentemente tão pouco tempo?
Como que pra compensar a quebradeira islandesa, a
temporada 2 gastou bem mais, tendo até perseguição e carros esbagaçados na
“perigosa” e “aloprada” Reikjavik.
Consegui o trailer da temporada um, vejam:
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