Roberto Rillo Bíscaro
Não muitos músicos experimentam a emoção de conhecer
seus ídolos e influências e muitos menos logram tocar com suas inspirações.
Imagine a emoção de Nad Sylvan, quando Steve Hackett ligou pra ele em abril de
2012, convidando-o para cantar em 3 faixas de Genesis Revisited II, onde o
ex-guitarrista regravou faixas de sua clássica banda prog. A colaboração foi
mais além e Sylvan viajou o mundo em shows com Mestre Hackett.
O parentesco vocal com Peter Gabriel e Phil Collins
deve ter pesado deveras para o convite. Fã confesso do Genesis, à semelhança
vocal some-se forte influência sonora, ambas presentes no álbum Courting the
Widow, trabalho solo de Nad Sylvan, lançado em outubro. A maior parte do álbum
pode ser descrita como uma banda prog em fins dos 70’s homenageando o Genesis.
Basta escutar a abertura midtempo de
Carry Me Home para ser transportado à época do lançamento de Duke. A voz do
norte-americano criado na Suécia certamente causará a mesma celeuma entre fãs
genesianos, quando a enxurrada de grupos Neo Prog de outrora emulava o cantar
de Gabriel/Collins. Cópia ou acaso de semelhança, é preciso algum tempo para se
acostumar, porque a comparação (desfavorável para Sylvan) é inevitável.
Os teclados são puro Tony Banks; atente para aquele som
assobiado das teclas na faixa-título. As guitarras são maciçamente Hackett;
confira os 9:41 sublimes minutos de Echoes of Ekwabet, com solos de flauta e
guitarra capazes de emocionar montanhas. Ponto everéstico de Courting the
Widow; saudosistas do Genesis progressivo chorarão.
Há até uma tentativa de Supper’s Ready. To Turn the
Other Side é uma suíte de mais de 22 minutos, cheia de mudanças de ritmo e
tempo, instrumentação variada, epítome do prog sinfônico. Mas, jamais consegue
elevar-se ao patamar de Echoes of Ekwabet. Canções quilométricas como Close to
the Edge, do Yes; Remember the Future, do infelizmente esquecido Nektar e,
claro, Supper’s Ready conquistam o interesse logo no início. To Turn the Other
Side não e jamais ultrapassa o nível de boa. Até arrepia imaginar o que Nad
teria conseguido se tivesse recheado a melodia superior de Echoes e fizesse
dela o épico do álbum.
Nas 4 canções finais a sombra genesiana é menos
evidente e Sylvan exerce um prog ainda setentista, mas mais genérico no bom
sentido. Ship’s Cat é uma fofura que conquistará gateiros e a derradeira Long Slow
Crash Landing abre como marcha de bolero raveliano pra incorporar a guitarra de
Mestre Hackett em pessoa, costurando com elegância pela faixa sisuda.
Courting the Widow
suscitará amores e ódios: será visto como homenagem ou usarão o velho clichê “melhor
álbum que o Genesis não fez”, será acusado de cópia barata. Muito mais
homenagem que cópia, Sylvan deveria trazer sorrisos aos fãs de Genesis por
vermos o legado ainda importando, 40 anos depois do período que influencia mais
o álbum.
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