segunda-feira, 9 de novembro de 2015

CAIXA DE MÚSICA 191

Roberto Rillo Bíscaro

Em 1996, apaixonei-me pelo estrondoso sucesso de Un-Break My Heart, de Toni Braxton, demolidora balada R’n’B que tornou a norte-americana um dos ícones da black music nos 90’s. À parte um par de outras informações/canções, nunca soube de Braxton – a não ser que faliu. Sabia que era diva, famosa, vendedora de milhões de álbuns, mas só isso; quase jamais penso nela. Até que no início do mês passado vi o nome Tamar Braxton numa lista semanal de lançamentos.  
Ao pesquisar se valia a pena arriscar pelo sobrenome, teria me surpreendido com o quanto não sei sobre celebridades, se já não estivesse cônscio disso há mais dum decênio. Em 3 minutos, aprendi que Tamar é a irmã caçula de Toni, tem reality show, linha de moda (sei lá se roupa ou acessórios) e que Calling All Lovers era já seu quarto álbum e que estava muito bom. Decidi ouvir pelo Braxton, por ser R’n’B e por ser diva gritona. Não me arrependi. Tamar não é discreta como Lizz Wright ou Maysa Leak; Baby Braxton berra.
A Deluxe Edition tem 16 canções e se padece de defeito é que como a maioria é balada, a produção é meio igual e estão muito próximas, às vezes são meio indistintas umas das outras. Tamar tem em comum com K.Michelle o griteiro, a fama nos reality shows e um álbum sem música dançável. Momentos mais animados aparecem na funky Must Be Good To You e na deslizante Catfish. Quase todo o resto é balada R’n’B contemporâneo com destaques pro vocal desesperado de If I Don’t Have You e King, com sua melodia ao piano.
Calling All Lovers entrega o conteúdo pelo título que remete mesmo a romantismo, mas a frase que nomeia o álbum está em Angels & Demons, meio reggae/dancehall. Outra das raras variantes rítmicas é Simple Things com seu apelo gospel no instrumental quase retrô. Pena que no final, Braxton tenha colocado um monólogo tão tontinho, dizendo que não é preciso se matar por bens materiais. Até aí tudo bem (mesmo descontando a ironia do que li a respeito de sua personalidade), mas quando começa a dizer que o casal deveria se contentar por ter um telefone pra se falarem toda hora, tive que rir.
Intensas canções de amor, um par de delícias deslizantes e vocais esfuziantes fazem de Calling All Lovers imperdível pra amantes de divas negras. Se jogue.

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