Nosso chiquérrimo historiador-cronista está em turnê acadêmica por países europeus, mas deixou um gracioso texto sobre a sexualidade e felicidade na estereotipadamente regrada Suíça. Diz que lá o pessoal está muito feliz com sua vida sexual. Mais do que no Brasil. Será? Como? Por que?
UM LUGAR NO MUNDO PARA SER FELIZ?
UM LUGAR NO MUNDO PARA SER FELIZ?
José
Carlos Sebe Bom Meihy
Estas
análises sobre os locais onde as pessoas são mais felizes sempre me pareceram
surrealistas e fora de propósito. O curioso, porém, é que elas funcionam e me seduzem
como um esdruxulo polo de atração. Acontece o mesmo com horóscopos,
invariavelmente eu os leio, ainda que imediatamente os despreze. Mas no caso
dos tais “países mais felizes do planeta”, algo me inquieta muito, sei lá
porque. Recentemente li uma reportagem que inscrevia a Suíça entre os locais
mais afortunados, também em termos de satisfação de viver. Sempre gostei muito
da Suíça e reconheço suas belezas em plena sintonia com a calma e civilidade da
população. Os campos suíços são perfeitos, as vaquinhas iguais às das propagandas
de leite, o chocolate é imbatível, e os queijos insuperáveis. E há vinho bom,
culinária deliciosa e flores belíssimas. Mas, em termos de realização, sempre
achei o povo muito protocolar, tipo certinho demais, até quadrado, tudo seria
muito previsível, sem grandes acontecimentos. De toda forma, algumas de minhas
cidades favoritas na Europa são suíças: o trato dado ao passado histórico, em
particular às ruinas medievais é fascinante. Que dizer dos museus e praças
sempre tão aprimorados e em funcionamento irrepreensível? Aliás, tudo dá certo
na Suíça, principalmente as indicações de lugares, distâncias e custos. Pois
bem, vivia o paradoxo da beleza versus a rotina da funcionalidade absoluta
suíça quando li que agora aquele país figura entre os mais felizes do mundo,
inclusive sexualmente falando. Confesso que fiquei espantado, pois em meu
repertório de julgamentos, os suíços figuravam como seres quase inanimados.
Parece que fui injusto e que errei feio. As estatísticas provam o contrário
segundo diz uma pesquisa que consultou 26 mil pessoas de 24 países. A conclusão
é que a Suíça está no pódio, em primeiro lugar, segundo a satisfação dos
parceiros sexuais. E olhem que o quesito mais celebrado remete ao item “frequência”.
Vendo a lista dessa bizarra classificação, logo fui procurar nosso lugar. Por
lógico, fiquei desapontado em ver que nós brasileiros, não estamos em primeiro
lugar, apesar de nossa reputação que convidaria a supor primazia. Mas, também
não fiquei de todo frustrado ao constatar que antes de nós, além da decantada
Suíça, estão apenas a Espanha e Itália. Devo registrar que me satisfez muito
pensar que países como os Estados Unidos e a Inglaterra amargam,
respectivamente, o décimo primeiro e décimo segundo lugar. A lista seguinte ao
nosso terceiro lugar compreende, por ordem, Grécia, Holanda, México, Índia,
Austrália, Nigéria, Alemanha e China.
A
pergunta que não quer calar, porém, remete ao questionamento lógico: o que
faria o suíço tão pleno de suas potências sexuais: Seria a estabilidade econômica?
A tranquilidade da vida sem a violência rotineira dos demais países? O clima? A
ausência de pobreza extrema? Dando asas à imaginação vislumbrei algumas
possibilidades: a educação sexual nas escolas; a profissionalização regulamenta
da prostituição; a leniência com a pornografia e, sobretudo, o respeito às
diferenças e orientações. Vislumbrando essas informações recordei de um velho e
estereotipado mote que rezava que, tomando a Europa como cenário, no céu os
mecânicos seriam alemães; os cozinheiros franceses; os amantes italianos, os
policiais ingleses, e, finalmente, os banqueiros suíços. Se fosse levado em
conta o reverso, no inferno os banqueiros seriam italianos, os mecânicos
franceses; os cozinheiros ingleses e os amantes suíços. Então, pergunta-se o
que mudou? E creio que a melhor resposta é um convite para verificar in loco o que se passa. Notem que eu
sugerir verificar, sem a obrigatoriedade da comprovação experimental.
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