terça-feira, 10 de novembro de 2015

TELINHA QUENTE 185

Roberto Rillo Bíscaro

O sub-sub-gênero Shark Movie segue crescendo e o canal SyFy é o principal propagador dessa cadeia trash, da qual assisto apenas a ponta das barbatanas. Se fosse ver todos os [Mega-]Tubarão Versus Não-Sei-Quem/Que, desperdiçaria mais de meu tempo livre do que conveniente. Junto com a produtora Asylum, o SyFy constrói a mina d’ouro pros futuros caçadores de lixo e defeitos especiais.
Falando em detritos, a “história” de 3-Headed-Shark Attack (2015) está entupida deles. Devido à poluição marinha, o temido tubarão branco muta-se em monstrengo de 3 cabeças regenerativas do tamanho duma baleia. Mesmo tão grande o peixão consegue esgueirar-se por aberturas numa estação científica submarina, que, claro, consegue destruir. Só não dá conta de abalroar o barquinho onde os protagonistas fogem, mas consegue eliminar um iate 3 vezes maior. Tem hora que ele parece um cetáceo mesmo, pra de repente pular tal peixe-voador e cair certinho no convés duma pequena embarcação, cabendo perfeitamente lá. Sem unidade de ação? Cara, trata-se dum tubarão de 3 cabeças que toma overdose de lixo, o que você espera?
Esses filmes saem barato, porque é tudo à base de computação gráfica e próteses (ambas vagabundas) e o elenco é de “atores” qualquer nota. Sempre tem uma celebridade decadente ou ator de segundo escalão. Neste, o septuagenário mexi-americano Danny Trejo, reprisando seu papel de durão pela enésima vez.
2-Headed-Shark Attack foi mais “original”, mas se você não conseguir a matriz, este 3 entretém numa tarde chuvosa, nem que seja só pra caçar os inúmeros erros da produção.


A moda dos zumbis, tão popular que informa até Game of Thrones e redefine Razão e Sensibilidade, não podia ficar de fora do salgado mundo dos tubarões. O SyFy vez mais se superou e exibiu Zombie Shark (2015), produção tão vagabunda que faz algumas outras da emissora parecerem superprodução.
Tentando desenvolver um modo de recuperar partes amputadas de soldados, uma cientista testa seu medicamento num tubarão batizado de Bruce. Algo sai errado, o peixão – que também ficou mais inteligente devido ao produto químico – escapa, morre, mas revive como zumbi. Começa a morder tudo que encontra, e, como bom zumbi, transfere sua zumbidade pros mordidos.
O deflagrador da aventura é a viagem que 4 jovens fazem a uma ilha supostamente isolada, na qual ficam sitiados por causa duma tempestade. Mas, vemos um monte de casas não muito ao longe, o cais está repleto de embarcações, repórter chega ao local, um sargento também e, pior, jamais vemos qualquer sinal de tempo nublado de chuvinha sequer. A computação gráfica deve ter sido feita num zumbificado 486. Guardadas as limitações tecnológicas dos anos 50, diversos filmes daquela década são melhores que Zombie Shark, que sequer consegue ser divertido. Esses tubarões do SyFy Channel literalmente nadaram no lodo.

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