Roberto Rillo Bíscaro
O sub-sub-gênero Shark Movie segue crescendo e o canal
SyFy é o principal propagador dessa cadeia trash, da qual assisto apenas a
ponta das barbatanas. Se fosse ver todos os [Mega-]Tubarão Versus
Não-Sei-Quem/Que, desperdiçaria mais de meu tempo livre do que conveniente.
Junto com a produtora Asylum, o SyFy constrói a mina d’ouro pros futuros
caçadores de lixo e defeitos especiais.
Falando em detritos, a “história” de 3-Headed-Shark
Attack (2015) está entupida deles. Devido à poluição marinha, o temido tubarão
branco muta-se em monstrengo de 3 cabeças regenerativas do tamanho duma baleia.
Mesmo tão grande o peixão consegue esgueirar-se por aberturas numa estação
científica submarina, que, claro, consegue destruir. Só não dá conta de
abalroar o barquinho onde os protagonistas fogem, mas consegue eliminar um iate
3 vezes maior. Tem hora que ele parece um cetáceo mesmo, pra de repente pular
tal peixe-voador e cair certinho no convés duma pequena embarcação, cabendo
perfeitamente lá. Sem unidade de ação? Cara, trata-se dum tubarão de 3 cabeças
que toma overdose de lixo, o que você espera?
Esses filmes saem barato, porque é tudo à base de
computação gráfica e próteses (ambas vagabundas) e o elenco é de “atores”
qualquer nota. Sempre tem uma celebridade decadente ou ator de segundo escalão.
Neste, o septuagenário mexi-americano Danny Trejo, reprisando seu papel de
durão pela enésima vez.
2-Headed-Shark Attack foi
mais “original”, mas se você não conseguir a matriz, este 3 entretém numa tarde
chuvosa, nem que seja só pra caçar os inúmeros erros da produção.
A moda dos zumbis, tão popular que informa até Game of Thrones e redefine Razão e Sensibilidade, não podia ficar de fora do salgado
mundo dos tubarões. O SyFy vez mais se superou e exibiu Zombie Shark (2015),
produção tão vagabunda que faz algumas outras da emissora parecerem
superprodução.
Tentando desenvolver um modo de recuperar partes
amputadas de soldados, uma cientista testa seu medicamento num tubarão batizado
de Bruce. Algo sai errado, o peixão – que também ficou mais inteligente devido
ao produto químico – escapa, morre, mas revive como zumbi. Começa a morder tudo
que encontra, e, como bom zumbi, transfere sua zumbidade pros mordidos.
O deflagrador da aventura é
a viagem que 4 jovens fazem a uma ilha supostamente isolada, na qual ficam sitiados
por causa duma tempestade. Mas, vemos um monte de casas não muito ao longe, o
cais está repleto de embarcações, repórter chega ao local, um sargento também
e, pior, jamais vemos qualquer sinal de tempo nublado de chuvinha sequer. A
computação gráfica deve ter sido feita num zumbificado 486. Guardadas as
limitações tecnológicas dos anos 50, diversos filmes daquela década são
melhores que Zombie Shark, que sequer consegue ser divertido. Esses tubarões do
SyFy Channel literalmente nadaram no lodo.
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