Roberto Rillo Bíscaro
A televisão pôs fim às longas matinês de sábado nos
cinemas norte-americanos, pronde iam milhões, predominantemente jovens, ver
filme, mas antes havia o noticiário, um desenho e um serial, pais das atuais séries de TV. 12 ou 15 capítulos de uma
história cuja trama necessariamente era simples, porque não se podia contar com
assiduidade ou mesmo concentração por longo tempo do público. Qualquer que
fosse o sub-gênero a que se filiasse, na maioria dos capítulos tudo se resumia
a correrias de gato e rato atrás de algo.
Em 1952, quando a Columbia Pictures destinou migalhas de
orçamento pra produzir Blackhawk (Falcão Negro), os serials agonizavam. A TV se popularizava rapidamente nos
economicamente bem-sucedidos Anos Dourados (SIC) e a telinha já produzia suas
séries. Além disso, a maciça movida aos subúrbios residenciais e a crescente
atomização da diversão esvaziaria progressivamente os cinemas.
Blackhawk é baseada em personagens de quadrinhos muito
populares nos 40’s e começo dos 50’s. Os Falcões Negros eram ases da aviação
que realizavam altas proezas durante a II Guerra. Outra desvantagem pra esse serial: a ficção-científica e os discos-voadores
e invasões alienígenas tornaram-se a bola da vez na década, afinal, os novos
inimigos eram os comunistas e não mais os nazis.
Malgrado desvantagens, os 15 capítulos em branco e preto
oferecem diversão e aqueles momentos preciosos que a “cultura de massa” oferta
como nenhuma outra: um sujeito é feito refém numa cabana de 2 cômodos, está sob
vigilância o tempo todo e fica lá por não muito tempo, mas consegue deixar na
parede uma mensagem em código Morse aos demais falcões. Se você curte isso, esconderijos
vários que parecem o mesmo (e são porque a produção não tinha grana), muita
luta corporal toscamente coreografada e de ser “enganado” nos cliffhangers, então Blackhawk é pra
você.
O enredo é as idas e vindas dos Blackhawks e de inimigos
pela posse dum combustível poderoso, o Elemento X. Jamais nomeados como
comunistas, a produção descreve os últimos como “vermelhos”, “subversivos”, “cegos
de devoção a um partido e não a causas individuais”, então nos paranoicos 50’s,
todo mundo entendia que os malvados eram comunas. E o que dizer de nomes como
Boris e Laska?
Blackhawk tem quase todas as características formais de
um serial “ideal”, inclusive um chefe-vilão cuja identidade só conhecemos no
derradeiro capítulo. Não há, todavia, aquele capítulo onde muito da trama é
relembrado pra situar os eventuais desavisados na plateia, mas também pra
economizar nos gastos – e essa era a principal razão, não se iludam. No serial
em resenha, o orçamento era tão débil que a maioria da ação se passa no chão,
apesar dos protagonistas serem aviadores de combate.
O blackhawk principal e que por conseguinte ganha o
direito de ser chamado Blackhawk é interpretado por Kirk Alyn e a antagonista,
por Carol Forman, respectivamente o Super-Homem e sua inimiga glacial no
primeiro registro cinemático do Homem de Aço (resenhado aqui).
Não dá pra indicar como essencial, mas se você é fã do
Super-Homem, Anos 50 ou é completista, Blackhawk mereceria sua atenção.
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