Roberto Rillo Bíscaro
A influência do Nordic Noir e a modinha Scandi na Grã-Bretanha de classe média
estavam (ainda estão) tão altas que em janeiro de 2015 a Sky Atlantic exibiu a
dúzia de capítulos da série mais cara da TV inglesa, cuja ambientação é em uma
ficcional colônia norueguesa no Ártico. Fortitude – comunidade e série – tem
carro de polícia escrito politi, mas
todo mundo fala inglês, as externas foram filmadas na Islândia e a governadora
do assentamento é a atriz dinamarquesa Sofie Gråbøl, a
Inspetora Sara Lund, de Forbrydelsen.
Ursos surtados atacando insuspeitos; gente tentando matar
urso, mas acertando humano; ossadas de mamutes; um sujeito que quer engordar
cada vez mais sua namorada, porque tem fetiche por obesas; um menininho febril
que sai quase pelado pela neve pra ficar em coma hipotérmica e assassinatos e
mais gente surtando. Tudo numa cidade que se gaba de ser a mais pacífica do
planeta e quer construir um hotel no gelo onde turistas possam ver auroras
boreais e desfrutar da branca tranquilidade glacial.
Fortitude é um thriller
psicológico, que poderia ser descrito como Nordic Noir encontra David Lynch
encontra David Cronemberg, sem alcançar a qualidade de nenhum dos originais. Bem
produzida, sem dúvida, mas faltou-me empatia com quase qualquer personagem. A
narrativa é tão gélida quanto a locação. Difícil sentir qualquer coisa por uma
personagem estúpida quanto a de Sir Michael Ganbom, embora seja um velho
fotógrafo morrendo de câncer. Mas, ele é muito sem noção, como se importar?
É um elencaço não jogado fora, porque Fortitude é bem
escrita, o que faltou foi me pegar emocionalmente. Sei lá se verei a
temporada segunda.
Nenhum comentário:
Postar um comentário